O fato de as conversações bilaterais Estados Unidos-Cuba terem se iniciado meros 33 dias depois do anúncio de reatamento de relações pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro dá uma pista do intenso trabalho diplomático de bastidores efetuado pelos dois governos no ano passado.
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Sorridentes, os integrantes da delegação americana nas negociações iniciadas nesta quarta-feira exibiam diante das câmeras um bom humor digno de executivos em férias. Nem o tema escolhido para o primeiro encontro, o da imigração, conseguiu estragar o clima de lua de mel. Em que pese a retórica dos dois lados de que "persistem claras diferenças", a questão imigratória continuará regulada pela política americana de pés secos e pés molhados. Cubanos que pisarem em solo americano continuarão gozando de privilégios em termos de concessão de asilo e cidadania, enquanto os que forem apanhados no mar serão devolvidos à ilha.
Na prática, esse status quo transforma a travessia do Estreito da Flórida numa loteria ainda mais difícil e desencoraja o êxodo.
Nesta quinta,, os negociadores devem produzir uma notícia esperada durante 53 anos: o cronograma de reabertura de embaixadas. A julgar pelo andar da carruagem, o prazo também será recorde.
O fato de a agenda democrática patrocinada pela diáspora cubana e pelos dissidentes ter sido deixada para o fim da pauta é significativo. Por razões diferentes, Obama e Castro estão mais preocupados com dólares do que com direitos.