Nesta terça, outra manifestação está prevista para o fim da tarde, no ginásio Franciscão, anexo ao Colégio Franciscano SantAnna. Promovida pela Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia, a iniciativa envolverá um ato ecumênico e uma nova contagem das vítimas.
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Santa Maria reviveu na última segunda-feira a dor da maior tragédia de sua história. Os dois anos do incêndio na Kiss, que causou a morte de 242 jovens, foram lembrados em um ato comovente, que iluminou com velas o que restou da boate e espalhou balões brancos no céu.
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Em silêncio, familiares e amigos das vítimas começaram a chegar à Praça Saldanha Marinho, a uma quadra da danceteria, por volta das 19h, sob uma chuva mansa e melancólica. Organizada pelo Movimento do Luto à Luta, a mobilização foi a primeira de uma série de homenagens que se estenderão até a noite desta terça.
- Estamos fazendo isso porque não queremos que o caso fique no esquecimento. Queremos ver os responsáveis punidos - disse Flávio José da Silva, um dos líderes da entidade.
A indignação diante da lentidão do processo, com todos os envolvidos em liberdade, virou motivo de angústia para pessoas como a estudante Laís Bassi, 19 anos. Ela perdeu o vizinho e amigo Gustavo Marques Gonçalves na Kiss. Na última segunda-feira, fez questão de estar presente ao ato.
- A justiça que dizem estar fazendo não nos serve - afirmou, ressentida.
O sentimento de Laís permeou toda a mobilização, que contou com a exibição de fotografias e de depoimentos de pais e integrantes do grupo e com uma caminhada iluminada até a boate, onde estudantes de artes visuais da UFSM transformaram a fachada do estabelecimento em um grande mural.
- Arte também é uma forma de protesto. Por isso estamos aqui - destacou a estudante Marcela Chemy, 23 anos.
A partir das 23h, os parentes das vítimas posicionaram dezenas de velas no chão, formando um coração e a palavra "justiça", diante da antiga casa noturna.
Emocionados, ao som de músicas religiosas tocadas ao violão, eles fizeram uma vigília calada e dolorida. Pontualmente às 2h30min, horário em que teve início o sinistro, em 27 de janeiro de 2013, pais e mães fizeram a contagem dos 242 mortos ao som de um bumbo. Um a um.
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Ao final, balões amarrados a uma estrutura em forma de coração foram soltos no céu da cidade. No centro da moldura, as palavras "filhos luz" foram desveladas em memória aos que se foram. Depois, uma sirene soou e o que restou foi o silêncio.