Pelo menos quatros casos semelhantes aos crimes praticados pela "máfia das próteses", revelada na noite deste domingo no Fantástico, estão há cerca de um ano sob investigação do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers). Os processos, que avaliam as irregularidades do ponto de vista da ética profissional, ocorrem sob sigilo e estão em fase de julgamento.
Conforme o presidente da instituição, Fernando Weber Matos, no entanto, os crimes envolvendo cobrança ilegal por médicos e dentistas, licitações direcionadas e operações sem necessidade extrapolam a esfera ética e devem ser investigados também pelo Ministério Público, sob o ponto de vista administrativo e econômico.
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De acordo com Matos, o Cremers depende de provas geradas pela Justiça, assim como da punição dos envolvidos, para que um julgamento mais rigoroso possa ser feito - como a cassação do diploma e o consequente afastamento desses médicos do exercício da profissão.
- Há dez anos, por exemplo, tivemos um caso muito semelhante no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. A Justiça, no entanto, não conseguiu reunir indícios suficientes para punir os médicos envolvidos, absolvendo-os por falta de provas. Esperamos que, desta vez, fique comprovada a atuação e, assim, a discussão no Cremers não fique apenas no terreno ético, o que dificulta a punição - afirma o presidente.
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Para Matos, a incidência dos crimes relacionados às próteses reflete uma falta de gestão por parte de hospitais, secretarias de saúde municipais e estadual e planos de saúde:
- Eles deveriam criar, dentro dos seus sistemas, protocolos de utilização de próteses, que fossem perfeitamente estabelecidos. Isso com certeza diminuiria a incidência desse tipo de favorecimento ilícito.
Os protocolos, conforme o médico, poderiam incentivar a troca de informações na relação médico-paciente, contribuindo para que ela fosse mais transparente e segura - tanto para os profissionais, quanto para os que buscam atendimento.
* Zero Hora
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