Desde 2000 o Ministério Público Federal (MPF) já instaurou 2.220 procedimentos para investigar irregularidades no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A fraude apurada no Rio Grande do Sul é mais um episódio de uma rotina dentro do MPF em todo o país. Do total de casos investigados, 581 já chegaram à Justiça..
Criado em 1996, o Pronaf financia operações de custeio e investimento para projetos individuais ou coletivos de agricultores familiares e assentados da reforma agrária, com condições diferenciadas do mercado. Para a safra 2014-2015, o governo federal liberou R$ 24,1 bilhões para o programa mantido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
No Rio Grande do Sul, Polícia Federal e MPF investigam desde 2012 um suposto esquema que teria prejudicado 6,3 mil agricultores em Santa Cruz do Sul e Sinimbú e desviado recursos na ordem de R$ 79 milhões, segundo os indícios já levantados.
O inquérito mostra que o esquema era movimentado pela Associação Santa-cruzense dos Agricultores Camponeses (Aspac), ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que usava de procurações assinadas pelos produtores para obter financiamentos e movimentações financeiras. Por meio desses documentos, contrairia empréstimos pelo Pronaf no Banco do Brasil.
A investigação aponta que o dinheiro iria parar nas contas da Aspac, que repassava parte a contas de campanhas políticas. entre os investigados aparecem o deputado federal reeleito pelo PT, Elvino Bohn Gass, e o vereador de Santa Cruz do Sul Wilson Rabuske.