Alheio aos ponteiros ininterruptos dos relógios espalhados pelas paredes, o tempo parou na sala 413 do quarto andar da Galeria do Rosário, no Centro de Porto Alegre. É ali que o relojoeiro Ivo Carvalho, 81 anos, atua desde 1973 como consertador de relógios mecânicos. Especialista no assunto há 68 anos, ele é um dos últimos da cidade a trabalhar apenas com os aparelhos que necessitam de corda para continuar funcionando.
Entrar na loja é uma volta ao passado. Cucos de fabricação americana, datados de 1900, misturam-se a grande relógios de mesa, protegidos por madeira maciça. Boa parte deles, revela Ivo, foi abandonada no estabelecimento pelos donos. Cada um carrega um pedaço de papel com a identificação do antigo proprietário, o valor do conserto e a data de entrega.
- Eles trazem os relógios para uma avaliação e contratam o serviço. O problema é que não voltam mais para buscá-los. Este aqui (apontando para um na parede) está comigo desde 2010, mas não posso revendê-lo porque não é meu - conta.
Clientes de décadas
Dia a Dia
Relojoeiro de 81 anos trabalha na Galeria do Rosário, em Porto Alegre
Um dos últimos especialistas no conserto de relógios mecânicos em Porto Alegre, Ivo Carvalho, 81 anos, não fala sobre aposentadoria. Ele tem o tempo como companheiro inseparável.