A poda das videiras, que tradicionalmente ocorria no período de inverno e começava no final de julho, está ocorrendo num ritmo mais lento do que em outros anos. Isso é explicado por uma mudança de hábito dos produtores, que adiantaram o processo para o outono. A antecipação foi motivada pela falta de mão especializada para a poda, que exige conhecimentos técnicos. Para desafogar a procura por trabalhadores no período do inverno, muitos produtores optam por fazer uma pré-poda ou até a poda completa entre os meses de abril e maio.
O engenheiro agrônomo da Emater em Caxias do Sul, Enio Todeschini, explica que ainda falta uma validação de pesquisas para apontar se a poda seca no outono apresenta mais vantagens ou desvantagens em relação àquela realizada no inverno. Mas, Todeschini diz que parreirais podados mais cedo costumam brotar no mesmo período em que aqueles que passaram pelo procedimento mais tarde: "O risco é que, se acontecer muitos picos de calor em junho, julho, começar a brotar. E os brotos que acontecerem serem só da madeira que foi deixada no parreiral. Então, aumenta o risco de prejuízos. Mas, entre não conseguir vencer a poda no período de julho e agosto, e até abandonar parreiral por falta de mão de obra, o produtor está correndo este risco conscientemente."
Outro fator que explica o trabalho num ritmo mais lento nessa época é a desconfiança dos agricultores em relação ao clima, já que os períodos de frio intenso foram poucos. O calor nessa época pode gerar a brotação antecipada das videiras. Assim como um frio tardio, acompanhado de geada, pode prejudicar a produção de uvas.