Mais de duas mil pessoas se espalham pelos quase oito hectares de terreno alagadiço, tomado por casebres e vielas, entre a Rua José Luiz Martins Costa e a Estrada Antônio Severino, no Bairro Mario Quintana, na Zona Norte. Desde a metade de 2012, a ocupação, que recebeu o nome de Marcos Klassmann, virou, além de uma solução precária para quem não suportava mais viver de aluguel, uma espécie de zona de refugiados do Recanto do Sabiá, na Vila Timbaúva. Lá, o tráfico expulsou moradores e impôs suas regras.
Pois o sonho, de acordo com investigações da polícia, pode ter se tornado a repetição de um pesadelo que incluiria até a liderança comunitária encarregada de defender os interesses dos ocupantes. Nas investigações de sete assassinatos na região no intervalo de pouco mais de um ano, até a presidente da cooperativa habitacional, Elisete Vargas da Conceição da Silva, está indiciada. Seria, segundo a polícia, associada e conivente com a quadrilha de traficantes que atua na vila.
- Se você está jantando à noite, eles (criminosos) não querem saber. Vão entrando na casa. Pegam comida, guardam armas e até esvaziam a tua geladeira. Quem contraria, vende o terreno ou não paga a taxa para eles, matam mesmo - contou à polícia uma antiga moradora.
Criminalidade
Tráfico impõe as regras em invasão na Zona Norte de Porto Alegre
Domínio de traficantes na ocupação Marcos Klassmann, na Zona Norte, repete o drama de famílias que, sem ter onde morar, viram vítimas fáceis do medo