Morreu na noite desta sexta-feira o radialista Glênio Reis, uma das vozes que acompanharam a história do rádio gaúcho. O radialista foi um dos pioneiros em programas de auditório na televisão gaúcha, com o GRShow, na década de 1960. Aos sábados, ele apresentava o programa Sem Fronteiras, das 21h à meia-noite, na Rádio Gaúcha.
O velório começou às 7h da manhã deste sábado, na capela C do cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre. O sepultamento será às 16h. Em sua página do Facebook, as mensagens mais recentes foram recados das filhas para atualizar os amigos e fãs sobre o estado de saúde do pai. Na última postagem que escreveu, no dia 8 de agosto, ele avisou que não apresentaria o programa:
"Amigos, neste sábado "Sem Fronteiras" será comandado por meu querido Rafael, que tem me acompanhado em alguns programas. Como estou fazendo avaliação de minha saúde e precisando deste sábado para isto, tenho o prazer de dizer que estarei na escuta, me deliciando com o que há de melhor musicalmente falando nas ondas da Rádio Gaúcha. Ótimo sábado! E se Deus quiser estaremos juntos no próximo sábado. Feliz Dia dos Pais aos meus amigos e ouvintes."
O locutor também mantinha o Blog do Glenio, onde postava fotos de amigos e da família
Nascido em Porto Alegre, foi casado com Anésia Pereira dos Reis, que morreu em 2010. Deixou as duas filhas, Ellen e Rosy, e a neta Carolina.
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Pioneiro no rádio e na TV do Estado
"Aqui quem está falando é Glênio Reis, filho único de Carolina Camargo Tanger dos Reis, de Bagé, e de João dos Reis, de Cacimbinhas". Assim Glênio Reis abria seus programas de rádio. O comunicador que foi um dos pioneiros do rádio e da TV no Rio Grande do Sul estava internado no Hospital São Francisco, no Complexo Hospitalar Santa Casa, em Porto Alegre, e teve falência múltipla dos órgãos.
Glênio era apaixonado por rádio. Aos 18 anos, fez teste para trabalhar em uma emissora, mas foi reprovado. A história como comunicador começou na Rádio Difusora de Porto Alegre, em 1958. Recebeu como desafio apresentar o programa Falando de Discos, que ia ao ar de segunda a sexta-feira. Era um radialista diferenciado. Não tinha o estilo formal dos locutores e apresentadores da época. Era eloquente e descontraído. Levou para o estúdio o estilo animado dos programas de auditório. É apontado com o primeiro
disc-jóquei do Rio Grande do Sul.
Com o sucesso do Falando de Discos, o comunicador ganhou outros programas na Difusora. Em 1959, Glênio Reis foi trabalhar na Rádio Farroupilha. Seguiu com o programa Falando de Discos na nova emissora. Era, nesta época, o profissional de rádio que mais recebia correspondências no Estado. Nas tardes de domingo, apresentava o programa Rádio Baile Mesbla. Os ouvintes ligavam ou escreviam para pedir músicas e dançar em casa. Glênio Reis também se aventurou na televisão e comandou, na TV Piratini, Disque é Jóquei. Apresentava o programa vestido de jóquei. Surgia no vídeo montado em um cavalo.
Em 1965, foi contratado pela Rádio e TV Gaúcha. Nas tardes de sábado, na TV, apresentava o GR Show. O programa, que ficou no ar até 1967, tinha quatro horas de duração. Seguiu com a trajetória no rádio. Acompanhou inúmeros festivais
de música pelo Rio Grande do Sul. Sem Fronteiras, apresentado nas noites de sábado, foi o último programa que apresentou na Rádio Gaúcha, onde imortalizou o slogan: "Este é um programa sem preconceito, onde a mediocridade não tem vez".
Carreira marcada por entrevistas
Em mais de 50 anos de carreira, Glênio Reis entrevistou muitos artistas. Um dos estaques de sua trajetória foi a conversa com Orlando Silva, o cantor das multidões. Grande estrela da música, o artista evitava ao máximo qualquer contato com a imprensa. Jair Rodrigues era um amigo desde os tempos de parceria com Elis Regina e deu uma entrevista ao comunicador poucos dias antes de morrer, em maio deste ano. O bate-papo foi ao ar no programa Sem Fronteiras, intercalado com alguns dos maiores sucessos da parceria.
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Morre o radialista Glênio Reis
O locutor foi uma das vozes que acompanhou a história do rádio gaúcho
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