A morte do operador de empilhadeira Jauri Avelhaneda do Nascimento, 36 anos, atingido por um raio enquanto dirigia uma moto pela freeway no fim da tarde de quinta, voltou a mostrar os perigos que as pessoas correm durante as tempestades.
O Brasil é o país com maior número de raios no mundo - são cerca de 50 milhões por ano. A explicação é geográfica: o maior país da chamada zona tropical do planeta - área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades.
Já o Rio Grande do Sul é o estado com maior concentração de raios por km² (são 18 raios por km² por ano) e ocupa a quarta posição no Brasil em número absoluto de raios: 5,18 milhões por ano. Entre 2000 e 2012, 121 pessoas morreram no Estado, vítimas de descargas elétricas. Diante desses números, fica a dúvida: em uma tempestade de raios, o que devemos fazer para nos proteger?
Fuja de locais descampados
O raio é uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre na atmosfera. A intensidade típica de um raio é de 30 mil ampères, cerca de mil vezes a força de um chuveiro elétrico. Na maioria das vezes, as pessoas são atingidas por correntes indiretas que vêm, por exemplo, pelo chão. São raros os casos em que alguém é atingido diretamente por um raio mas, se isso acontece, como no caso do motociclista Jauri, a pessoa morre na hora ou, se sobrevive, fica com sequelas graves.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), estar em um veículo fechado é o lugar mais seguro contra raios. Se o automóvel é atingido, a descarga elétrica se espalha por sua superfície metálica, sem afetar quem está dentro dele. Durante uma chuva forte, com raios e trovoadas, o melhor é sair imediatamente da rua e procurar um abrigo.
Fique de cócoras
O professor do Instituto de Física da Ufrgs Fernando Lang explica que, em uma tempestade, o risco de estar a pé, em uma moto ou bicicleta em um local descampado, é o mesmo:
- Nessas áreas, o objeto que estiver mais alto vai funcionar como um para-raios. A dica para quem não conseguir se recolher em um local descampado é se colocar de cócoras, com o corpo dobrado sobre os joelhos, e esperar a tempestade passar.
Outro conselho para quem não conseguir abrigo durante uma tempestade é ficar em baixo de um viaduto ou parada de ônibus, mas sempre longe de árvores. Segundo o professor, a vegetação é um alvo fácil para receber um raio em um lugar descampado. Se isso acontecer, a pessoa que estiver próxima pode ser atingida por uma descarga elétrica ou por um fragmento da planta.
- As maiores situações de risco são em lugares descampados, como campos de futebol, estradas e beira de praia - afirma Fernando.
Proteja-se das tempestades
Se estiver na rua, procure abrigo em:
- Carros não conversíveis, ônibus ou outros veículos metálicos não conversíveis.
- Moradias ou prédios (de preferência, que possuam proteção contra raios).
- Abrigos subterrâneos, como metrôs ou túneis.
- Barcos ou navios metálicos fechados.
- Desfiladeiros ou vales.
Em casa:
- Não use telefone com fio.
- Não fique perto de tomadas, canos, janelas e portas metálicas.
- Não toque em equipamentos ligados à rede elétrica.
Ao ar livre, evite:
- Segurar objetos metálicos longos como varas de pesca.
- Empinar pipas.
- Andar a cavalo.
- Nadar.
- Ficar em grupo.
Oferecem risco e não protegem:
- Pequenas construções (tendas, barracos, celeiros)
- Veículos sem cobertura
- Árvores
Grande risco:
- Topos de morros e prédios, áreas descampadas, estacionamentos, cercas de arame, torres e árvores isoladas.
Industriário deixou duas filhas
O operador de empilhadeira Jauri Avelhaneda do Nascimento, 36 anos, morreu no fim da tarde de quinta-feira no Hospital João Becker, em Gravataí. Ele foi atingido por um raio enquanto dirigia uma moto pela freeway no sentido Porto Alegre-Litoral. Segundo o hospital, Jauri teve uma parada cardíaca, chegou a ser reanimado pela equipe da emergência mas não resistiu. O operador morava em Cachoerinha e tinha duas filhas: uma de nove anos e outra de 14. Familiares contaram que na hora do acidente, Jauri estava indo do trabalho para casa.