A presença simbólica de Sidney Poitier no palco para anunciar o prêmio de melhor diretor ameaçou contrariar os rumos da cerimônia que, até então, ratificava os favoritos nas principais categorias.
Mas o nome lido pelo primeiro negro a ganhar o Oscar de melhor ator, em 1964, com Uma Voz nas Sombras, não foi o do britânico Steve McQueen, que seria o primeiro diretor negro a vencer na categoria.
Foi o do mexicano Alfonso Cuarón, que também fez história: nunca antes um diretor latino-americano havia conquistado o Oscar de melhor diretor. Cuarón foi premiado também, junto com Mark Sanger, pela montagem de Gravidade, filme vencedor do maior número de estatuetas da 86ª festa do Oscar - ficou também com as de trilha sonora, efeitos visuais, fotografia, mixagem de som e edição de som.
O diretor de 52 anos integra o trio de ouro do cinema mexicano, ao lado dos amigos Guillermo del Toro e Alejandro González Iñárritu. Estreou em longa-metragem com Sólo con tu Pareja (1991) e começou a se destacar no cenário internacional com filmes como a delicada fábula infantojuvenil A Princesinha (1995) e o drama Grandes Esperanças, ambos realizados nos EUA. Na sequência, assinou um dos grande filmes latino-americanos dos anos 2000, E Sua Mãe Também (2001), e aquele que muitos fãs consideram o melhor título da franquia Harry Potter: O Prisioneiro de Azkaban (2004). Antes de se dedicar ao aperfeiçoamento de tecnologia para produzir Gravidade, ele apresentou o bom drama apocalíptico Filhos da Esperança (2006).
Cuáron obteve uma consagração que apenas outros três diretores latino-americanos tiveram a chance de ganhar: os brasileiros Hector Babenco (nascido na Argentina), com O Beijo da Mulher Aranha (1985), Fernando Meirelles, com Cidade de Deus (2002), e o mexicano Iñárritu, com Babel (2006), já haviam sido indicados.
Entre os próximos trabalhos de Cuarón, está a série de suspense fantástico para a TV Believe, que estreia no Brasil em 19 de março, no canal Warner. Ele assina como criador e diretor do episódio-piloto .