Nelson Mandela esperava fervorosamente que o começo da democracia na África do Sul fosse o início de um recomeço político, econômico, cultural e social que se espalharia por toda a África, e de uma vez por todas, acabaria com a percepção do continente como "perdido".
Frequentemente, a transição da África do Sul à democracia e à paz é descrita como um milagre político. Muitos acreditavam que o conflito na África do Sul era tão intratável, que uma solução pacífica e reconciliação entre negros e brancos ia além do impossível. Mandela, que passou quase três décadas aprisionado pelo regime por causa de seu ativismo contra o sistema brutal, tornou-se símbolo do milagre da transição. Sua habilidade de, visivelmente, perdoar e olhar através do futuro foi o fundamento da nova democracia, digno de conto de fadas.
A contribuição histórica de Mandela à democracia em desenvolvimento na África do Sul era ajudar a costurar um consenso amplo para a nova ordem democrática. Seu propósito era "conquistar um novo espaço para respirar, onde impulsos poderiam ser resolvidos, inimizades subjugadas, e as afinidades se reformulariam". Ao longo da transição, sua liderança ajudou a manter a confiança da maioria negra pobre e a lealdade para com o ANC. Ajudou também a aliviar os temores da classe média predominantemente branca, bem tratada e alcovitada durante décadas, e com medo de maioria negra.
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Mandela muitas vezes criticou publicamente os sul-africanos brancos, mas suas advertências foram abrandados em virtude de seus sorrisos e abraços - ele até mesmo abraçou seu carcereiro na antiga prisão. O homem alto, de riso fácil - em discursos, constantemente zombava de si mesmo carinhosamente -, com suas camisetas folgadas mesmo em ocasiões formais, abriu muitos aspectos de sua vida, incluindo um complicado divórcio de Winnie Madikizela-Mandela ao escrutínio público. Mandela era um político hábil, com gestos imaginativos, muitos deles no campo dos esportes. Mandela era o mestre das comunicações, com um talento para o gesto simples, que fala com a alma a seus compatriotas. Durante o mundial de rúgbi, em 1995, Mandela demonstrou isso e se tornou querido pelos brancos ao ostentar a camisa número 6 do capitão do time sul-africano, François Pienaar.
Ainda na presidência, deixou claro sobre como gostaria de ser lembrado na história. Em um discurso na Universidade de Potchefstroom, em fevereiro de 1996, disse: "Vou passar por esse mundo apenas uma vez. E não quero desviar minha atenção de minha tarefa - a qual é unir a nação". Ainda mais reveladora foi a frase seguinte: "Estou escrevendo meu próprio testamento porque estou me aproximando de meu fim. Quero poder dormir pela eternidade com um largo sorriso em meu rosto, sabendo que a juventude, os formadores de opinião e toda gente está tentando unir a nação".