Em seu primeiro disco solo, intitulado I (2005), o violonista Paulo Inda se debruçou sobre o repertório contemporâneo composto, em sua maioria, por autores do Rio Grande do Sul.
Oito anos depois, ele continua interessado na música do Estado. Gnattali, seu segundo disco individual, conta com obras do gaúcho que se radicou no Rio, tornando-se um dos grandes nomes da música brasileira do século 20.
Não é apenas coincidência, garante o músico:
- Sinto-me um pouco no compromisso de ver e interpretar o que está sendo feito aqui. Há uma continuidade entre os trabalhos, mas este segundo disco traz uma música que não é tão de Porto Alegre, tão estética do frio ou contemporânea no sentido estético. É mais uma busca brasileira, de samba, bossa nova. São os ambientes em que viveu Radamés Gnattali.
Transitando entre o erudito e o popular, o compositor trouxe para a música de concerto elementos do choro, do samba e de outros gêneros da música brasileira. Gnattali, o disco, mostra um criador com particular talento para explorar o potencial de identificação da música com uma nação. O álbum teve recital de lançamento no domingo, com nova apresentação nesta quinta (28/11), às 20h, no Auditório do Instituto Goethe, em Porto Alegre, com entrada franca.
Gnattali reúne obras para violão solo e duos: Introdução e Choro é uma peça para violão e violino que foi transposta para violão e flauta - instrumento tocado, no disco, por Artur Elias Carneiro. Sonatina para Violão e Piano traz Ney Fialkow. E a Sonata para Violão e Violoncelo conta com Rodrigo Andrade Silveira - trata-se da mesma gravação lançada no disco Convergências (2007), de Silveira. As demais gravações são inéditas, realizadas em 2012.
Inda relata que a gestação do novo trabalho remonta ao ano de 2006, quando foi celebrado o centenário de nascimento de Gnattali, morto em 1988. Na ocasião, o violonista realizou concertos com obras do compositor porto-alegrense e chegou a gravar os 10 Estudos - a versão que aparece no disco é outra. Inda explica que a preparação para um registro sonoro exige tempo:
- Um disco é um documento muito sério. Não me animo a estudar um negócio em poucos meses e já lançar. Espero que o trabalho seja o melhor possível.
O músico não esconde a admiração pela Sonata para Violão e Violoncelo, que considera sua composição favorita entre as que estão no disco:
- É a obra mais bem escrita do mundo para esta formação (violão e violoncelo), mas não por ser brasileira ou gaúcha. O que conheço desse repertório de outros compositores não chega aos pés. O violão clássico, às vezes, tem dificuldade de conviver com instrumentos de maior porte sonoro. Cabe ao bom compositor estabelecer esse equilíbrio.
PAULO INDA
> Nesta quinta (28/11), às 20h. Entrada franca.
> Instituto Goethe (Rua 24 de Outubro, 112), fone (51) 2118-7800, em Porto Alegre.
> O concerto: lançamento do disco Gnattali, do violonista Paulo Inda, com obras de Radamés Gnattali. O CD estará à venda no local a R$ 20.
Gaúcho e brasileiro
Paulo Inda lança disco com obras de Radamés Gnattali para violão
Músico realiza recital de apresentação de "Gnattali" nesta quinta, em Porto Alegre
Fábio Prikladnicki
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