Na manhã desta terça-feira, os porto-alegrenses receberam o Mercado Público de volta. A reabertura ao público ocorre 38 dias depois de um incêndio ter consumido cerca de 10% do prédio, que há mais de 140 anos está cravado no coração de Porto Alegre.
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Por volta das 10h30min, autoridades e representantes se posicionaram no palco montado no centro do mercado. Ali foi realizada a cerimônia de reabertura, encerrada com momento inter-religioso. Representantes da Igreja Católica, da Sociedade Israelita Brasileira, do Centro Espírita do RS, do Centro Cultural Islâmico e da Igreja Anglicana participaram do ato.
O babalorixá presente desejou "que haja um bom axé, de muita prosperidade e movimento". Uma monja budista recitou um mantra contra desastres e pela prosperidade e proteção do comércio.
Um dos últimos a falar no pequeno palanque, antes do vice-governador Beto Grill encerrar os pronunciamentos, foi o prefeito José Fortunati, que deixou o local sob gritos de "somos do povo! Lei do passe-livre, os ricos vão pagar!", vindos de um grupo de manifestantes.
Fortunati começou relembrando que "na noite trágica, a nítida impressão que tínhamos era de que o mercado estava completamente destruído". O prefeito salientou que a devolução do mercado foi realizada em tempo recorde:
- A vida voltou ao mercado. Temos consciência de que há uma longa e árdua tarefa pela frente. Queremos devolver muito melhor, com mais equipamentos e vida.
- Foram 40 dias de saudade, período em que curamos as feridas de mais um sinistro em nossa casa. Longa vida ao mercado! - afirmou o presidente da Associação dos Permissionários, Ivan König, o primeiro a falar.
Na sequência, aos gritos de "fora, fora!", o presidente da câmara de vereadores Thiago Duarte se pronunciou, antes do vice-prefeito Sebastião Melo assumir o microfone e, após uma longa lista de agradecimentos, ressaltar a atuação dos bombeiros e da CEEE.
- Felizes são as cidades que preservam o patrimônio histórico - afirmou Melo.
Manifestantes aproveitaram a solenidade para protestar. Havia diversos cartazes reivindicando passe-livre e a nomeação de candidatos aprovados em concurso para a Guarda Municipal.
Público emocionado
A emoção marcou a reabertura dos portões do mercado. Aplaudindo e gritando "abre a porteira", dezenas de pessoas entraram pela Avenida Borges de Medeiros. Vinda de Viamão, Maria Hilda da Silva, 74 anos, era a primeira da fila. Ela chegou às 9h30min, a fim de de comprar queijos, panos de pratos e verduras. Questionada sobre desde quando frequenta o mercado, brincou:
- Desde que abriu (risos).
Ao lado do palco, havia uma grande mural de cortiça onde as pessoas podiam deixar recados para o mercado sob a frase "O mercado é a alma da cidade. E você é a alma do mercado, deixe o seu recado".
No meio dos discursos, um homem subiu na armação do Mercado Público, a partir da murada do segundo andar, dizendo aos que estavam perto que iria "tirar fotos". Ao descer, foi contido por agentes da Guarda Municipal. Do térreo, populares gritavam "sem violência, sem violência".
O incêndio
Segundo apontou investigação do Instituto Geral de Perícias (IGP), o incêndio foi provocado por um curto-circuito no segundo andar do prédio. Um primeiro levamento chegou a apontar que 30% do mercado poderia ter sido consumido pelas chamas, mas no relatório final conclui-se que 10% da estrutura foi atingida pelo fogo.
O segundo andar teve oito estabelecimentos consumidos pelo incêndio: Casa de Pelotas, Telúrico, Atlântico, Mamma Julia, Marco Zero, Taberna 32, Sayuri e Beijo Frio. Além das lojas, o Memorial do Mercado Público, que guardava o acervo histórico e cultural do prédio histórico, acabou em ruínas.
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De volta ao público
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Larissa Roso
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