Levei tempo, mais precisamente anos, para encontrar um suco de laranja com gosto de laranja.
Os outros todos que tomei durante anos não tinham gosto de laranja, a laranja funcionava só como fundo, o gosto era de conservantes.
Agora, com este suco empacotado que me transmite às papilas gustativas a genuína laranja, parece que estou comendo a laranja, tenho até a sensação de que estou degustando a polpa da fruta.
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Aliás, descobri esses dias por que, sempre que tenho vontade de comer laranja, acabo comendo bergamota. É que é uma mão de obra descascar laranja, depois de cortar a epiderme da fruta em espiral, então ainda me defronto com a derme branca, que não consigo com facilidade descolar da laranja propriamente dita.
Sendo assim, dedico-me à bergamota, fácil de descascar e que deve conter as mesmas propriedades nutritivas e antigripais da laranja.
Chego a comer até 10 bergamotas.
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Mudando de assunto, quanto ao meu destino, sobre o qual tenho meditado profundamente, é como diz o meteorologista Cléo Kuhn com suas previsões: "O tempo para a semana que vem vai piorar ou melhorar, depende dos ventos e da umidade relativa do ar".
Se o tempo vai depender da umidade relativa do ar, o meu destino vai depender das humanidades relativas do bar que frequento: se os meus companheiros de libação forem cordiais comigo em todos os inícios das noites, sobreviverei às desilusões.
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Li uma sacada homérica sobre a relação psicanalítica que envolve os homens: "O neurótico constrói um castelo no ar, o psicótico mora nele. E o psiquiatra cobra o aluguel".
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Levado pela bondade de um amigo que me deu carona, dirigi-me ontem à tarde para a Arena do Grêmio. A rua Voluntários da Pátria nos deixa com seu trânsito tranquilo no estádio tricolor, que nos parecia distante, familiarizados que estávamos com o Estádio Olímpico há quase 60 anos.
E sentei-me na cadeira, dentro do estádio, e pude ver com os meus olhos, coração tenso, o Vargas plasmar a vitória sobre o Botafogo e, principalmente, o Dida garantir o triunfo.
Dida é fruto dos meus neurônios. Ontem, ele praticou uma sucessão de defesas notáveis, sendo, junto com Vargas, o grande responsável pela alegria da nação tricolor.
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Sofri muito com a contratação de Dida. Fui xingado, verdadeiramente humilhado por e-mails que me agrediam por ter escolhido Dida para ser goleiro do Grêmio.
Hoje, calam-se - e devem continuar calados - os que não queriam Dida debaixo da goleira do Grêmio. Já houve vários jogos em que Dida salvou as vitórias.
Isso é para que aprendam com a minha experiência. Quando a bola vai para a área, a torcida descansa porque sabe agora que tem um goleiro que é uma muralha.
É mais uma das centenas de contribuições que entrego ao meu Grêmio.
Bem-vindo, Renato! O time não está pronto. Mas está pronta a nossa esperança.