Se tivessem outra alternativa, 73% dos agricultores deixaria de cultivar tabaco. É o que afirmam produtores entrevistados pelo Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais (Deser) em uma pesquisa realizada ainda em 2008. Com o objetivo de debater estratégias para a diversificação de culturas para os produtores de fumo, pesquisadores de diversas instituições do país e representantes de entidades internacionais estão reunidos em Porto Alegre desde a quarta-feira.
O encontro pretende sistematizar o conhecimento existente sobre a cadeia produtiva do tabaco e seus efeitos socioeconômicos, culturais, ambientais e de saúde nas proprieades rurais, promovendo o diálogo entre pesquisadores, acadêmicos, técnicos e gestores públicos envolvidos com o tema da agricultura familiar.
- É unanimidade que o fumo faz mal à saúde, mas há uma grande resistência às políticas de restrições de consumo, especialmente pela força da indústria - diz a diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), Paula Johns,que participa do evento.
Segundo Paula, um dos principais obstáculos para a aprovação de medidas de controle do consumo é o argumento econômico. Nesse sentido, a associação encomendou à Fiocruz um estudo para calcular a carga financeira das doenças relacionadas ao fumo no Brasil. Divulgado em 31 de maio, Dia Mundial sem Tabaco, o levantamento mostra que o tratamento dessas doenças custa R$ 21 bilhões por ano aos cofres públicos.
O Workshop Pesquisa e Estratégias para Diversificação dos Meios de Vida é uma atividade do Projeto de Advocacy de Alto Impacto sobre Tabaco e Pobreza no Brasil, parceria institucional entre HealthBridge Canada e a Aliança de Controle do Tabagismo, promovido em colaboração com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco e o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.