Eliana Tranchesi herdou da mãe, na década de 1980, o comando da Daslu. O negócio começou em 1958 e, de uma simples venda entre amigas, tornou-se um império luxuoso de consumo.
Um dos grandes momentos da empresa de Eliana foi em junho de 2005, quando uma enorme loja da marca foi inaugurada em São Paulo.
Cerca de um mês depois, porém, a butique de luxo foi alvo de uma megaoperação policial, que levou sua dona à prisão e a uma condenação de 94 anos. No início do ano passado, a Daslu foi vendida por R$ 65 milhões para o fundo Laep Investments.
Relembre a história da Daslu:
- Criada há 55 anos, a Daslu nasceu da sociedade entre a mãe de Eliana Tranchesi, Lucia Piva de Albuquerque, e a amiga Lourdes Aranha (as duas "Lus"). Ambas atendiam as amigas em uma casa, no bairro Vila Nova Conceição, em São Paulo. Com o falecimento da mãe, na década de 1980, Eliana assumiu a loja.
- Templo de consumo preferido dos chamados "super-ricos", a loja começou comercializando roupas e acessórios importados e ampliou seu leque de produtos para cosméticos, lanchas e até helicópteros - na própria loja em São Paulo há um heliponto para os clientes. A privacidade é garantia já na entrada e se estende pelos quatro andares da loja: em parte dela, não há provadores e os homens não têm acesso. Tudo para fazer a cliente se sentir em casa.
- Em julho 2005, operação da Polícia Federal e da Receita Federal resultou na detenção, por 12 horas, de Eliana Tranchesi, dona da Daslu, a loja mais luxuosa do país. Antonio Carlos Piva de Albuquerque, irmão dela e diretor financeiro, ficou preso por cinco dias, sendo liberado e preso novamente em 2006.
- Agentes federais fizeram uma devassa na loja aberta cerca de um mês antes da operação, em São Paulo. Mesmo durante a ação, a loja manteve as portas abertas e funcionários prontos para atender à freguesia. As atendentes, para não ser identificadas, escondiam o rosto.
- A butique de São Paulo foi acusada de importação irregular por descaminho e sonegação. A empresa teria subfaturado importações e sonegado impostos.
- Cinco meses depois, o Ministério Público Federal em Guarulhos (SP) denuncia Eliana Tranchesi e mais seis pessoas.
- Em 14 de dezembro de 2005, a juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara da Justiça Federal do município, instaura processo criminal.
- No ano seguinte, em dezembro, a Daslu recebeu a primeira autuação da Receita Federal por sonegação de impostos na importação de produtos. O auto de infração foi de R$ 236.371.942,45 e refere-se só ao período de 2001 a 2005.
- Em março de 2009, Eliana Tranchesi e seu irmão Antonio Carlos Piva de Albuquerque, ex-diretor financeiro da loja, foram condenados pela Justiça Federal a 94 anos e seis meses de prisão, cada. Eliana foi presa pela segunda vez - levada à Penitenciária Feminina de São Paulo - e não poderia recorrer em liberdade.
- Logo após a prisão, a defesa de Eliana informou que estava encontrando dificuldades em localizar uma cela adequada, pois a dona da Daslu estava em tratamento contra câncer de pulmão. Foi solicitada a prisão domiciliar da empresária.
- O habeas-corpus foi aceito após a apresentação de um laudo médico atestando que ela passava por tratamento quimioterápico no Hospital Albert Einstein. A empresária deixou a penitenciária um dia depois.
- Em fevereiro de 2011, o fundo Laep Investments, do empresário Marcus Elias, pagou R$ 65 milhões pela marca Daslu e pelos ativos da butique de luxo. À época, a butique à Daslu acumulava dívidas privadas de R$ 80 milhões e impostos atrasados que ultrapassam os R$ 500 milhões.
- A Daslu hoje conta com uma unidade em operação no Shopping Cidade Jardim e outra será inaugurada no futuro Shopping JK. Com a transação, Elaina havia garantido o direito de permanecer com uma das lojas próprias na condição de franqueada da UPI. Ou seja: teria de pagar royalties para usufruir da marca herdada por ela.
Do glamour à condenação
Relembre a trajetória de Eliana Tranchesi, dona da Daslu
Eliana morreu nesta sexta em decorrência de um câncer
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