A bala que matou o agricultor Lírio Persch, 50 anos, durante o estouro de um cativeiro em Gravataí no dia 21 saiu da pistola calibre .40 do delegado regional Leonel Carivali.
O resultado do exame de balística foi entregue pelo Departamento de Criminalística ao delegado Paulo Grillo, da Corregedoria-geral da Polícia Civil (Cogepol), na sexta-feira.
A perícia revelou que a bala que atingiu o refém sequestrado por quadrilha formada por gaúchos e paranaenses no dia anterior tinha ponta oca. Conhecido como Dumdum, o projetil do tipo hollow point tem um impacto maior ao atingir o alvo em relação aos projetis comum, em forma de ogiva, mas tem seu uso permitido no Brasil.
Apesar de legal, o poder letal desse tipo de munição levou à sua proibição pela Convenção de Haia (1899) em casos de guerra entre países signatários do acordo.
Segundo o laudo, a bala era jaquetada, ou seja, o chumbo era revestido por uma capa metálica que se desprendeu ao atravessar o carro dos sequestradores antes de atingir o agricultor, que estava sentado no banco de trás.
- Esse tipo de projetil é legal e fornecido aos policiais civis do Estado - explica Grillo.
Conforme o laudo de necropsia, duas foram as perfurações no corpo do vítima, logo abaixo do omoplata, provocadas pelo mesmo disparo. Uma foi causada pelo chumbo e outra, pelo estilhaço desprendido do projetil.
- Li o laudo, e a autoria do disparo está confirmada. O próprio delegado Carivali já havia confirmado que efetuou disparos contra o veículo - afirmou o delegado Grillo.
Policial deve prestar novo depoimento esta semana
Com a conclusão dos peritos sobre de qual a arma partiu o disparo fatal, a investigação sobre a morte do refém caminha para o final.
Como Carivali assumiu ter feito os disparos, seu novo depoimento marcado para esta semana na Cogepol, onde pretende esclarecer as circunstâncias do disparo, deve ser o último ato do inquérito policial sobre o caso antes de o delegado-corregedor a frente do caso concluir o inquérito.
Diferentemente da investigação sobre a morte do sargento Ariel da Silva, 40 anos, horas antes, por tiros disparados por uma submetralhadora Famae calibre .40, Grillo descartou a realização de uma reconstituição da morte de Persch. Conforme ele, ainda não é possível antecipar qual será sua conclusão:
- Não posso antecipar nada, se foi ou não legítima defesa, por exemplo, pois ainda estamos juntando elementos para verificar as circunstâncias - limitou-se a dizer Grillo.
Procurado por Zero Hora, o delegado Carivali preferiu não comentar o resultado da perícia, pois a investigação está em andamento.
Trapalhada policial
Perícia revela que bala que matou refém em operação desastrada da Polícia Civil é de arma de delegado regional
O agricultor Lírio Persch morreu durante o estouro de um cativeiro em Gravataí no dia 21 de dezembro
GZH faz parte do The Trust Project