O cientista político francês Stéphane Monclaire, 54 anos, é professor da Sorbonne em Paris e especialista em questões brasileiras. Fluente em português, estava a bordo do voo da TAM que declarou emergência e teve de voltar ao aeroporto pouco depois de decolar.
Por celular, logo depois de deixar o Aeroporto Charles de Gaulle rumo a sua casa, em Paris, concedeu a seguinte entrevista a ZH, dizendo que "precisava desabafar"
Zero Hora - Em que momento os passageiros perceberam que havia algo errado?
Stéphane Monclaire - Eu estava sentado perto das asas, e nesta parte do avião foi possível ouvir o barulho de uma explosão muito forte sete, oito minutos após a decolagem. Imediatamente, algumas pessoas olharam para a asa, havia uma chama razoavelmente longa, e que durou de 10 a 12 segundos. O avião desceu um pouco, não muito, mas perdeu aceleração.
ZH - Houve explosão? Na turbina?
Monclaire - Sim. Os passageiros se olharam e, como avião recuperou imediatamente a queda de altitude, se tranquilizaram um pouco. Percebemos que o motor do outro lado estava a todo vapor, justamente para compensar a perda da turbina. O comandante deu uma informação bastante breve, dizendo que tivemos problema de motor e voltaríamos a Paris. Eu só prestava atenção ao barulho dos motores. O avião ficou a uns 4 mil metros e começou a lançar combustível sobre o mar. Deu três voltas e retornou.
ZH - Houve pânico?
Monclaire - Não pânico, mas quase ninguém conversava, nem casais que estavam juntos. A situação era grave. Onde eu estava, havia silêncio. Estavam rezando, ou pensando.
ZH - Passou pela cabeça o acidente envolvendo o voo da Air France que fazia trajeto inverso?
Monclaire - Claro que pensei no voo da Air France. Fiquei contente que problema no motor ocorreu quando estava ainda em cima da terra, não no mar. No início, fiquei mais preocupado porque a fase de decolagem é a mais problemática.
ZH - Como foi quando o avião pousou?
Monclaire - Foi uma explosão de alegria. O comandante recebeu muitas palmas, gritos de alegria. Pessoas se abraçavam. Estavam contentes de estarem vivas.