Gestante é transportada em aeronave até Santa Cruz do Sul para tentar salvar filho

Depois de três dias de espera por leito em um hospital equipado com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, a dona de casa Cristiane Gonçalves, 18 anos, partiu de Rio Grande, no sul do Estado, por volta das 18h45min deste sábado em uma aeronave fretada pelo governo do Estado para ser atendida no hospital de Santa Cruz do Sul.

Grávida de seis meses de gêmeos, com um dos bebês morto dentro da barriga, ela será submetida a uma cesariana para tentar salvar o filho que sobrevive ao lado do bebê já sem vida.

A viagem de pouco mais de uma hora foi realizada pelo serviço de transporte aeromédico da Unimed. O Hospital Universitário Ana Bezerra, de Santa Cruz, informou que a vaga na UTI neonatal está reservada para o bebê de Cristiane desde as 3h deste sábado e que uma equipe médica já aguarda a chegada da gestante.

De acordo com o diretor do Hospital Universitário Doutor Miguel Riet Corrêa Júnior - onde Cristiane estava internada desde quarta-feira passada - Tomás Dalcin, a gestante estava em observação em um quarto da maternidade do hospital, sendo monitorada por uma equipe médica e recebendo medicamento para fortalecer o pulmão do bebê ainda com vida.

O bebê apresenta um quadro de hidrocefalia - um crescimento anormal de toda a caixa craniana - e está em uma posição considerada crítica, enrolado no cordão umbilical. Para que sobreviva, será necessário, além do procedimento de cesariana, atendimento em uma UTI neonatal e acompanhamento de um neurologista.

O drama de Cristiane, conforme o seu marido, o motorista Paulo Roberto de Moares, de 36 anos, começou depois que um exame de ultrassonografia apontou a morte de um dos bebês, na manhã de quarta-feira. Ela foi internada por volta das 16h30min, mesmo momento em que teve início uma peregrinação telefônica por leitos conveniados à Central Reguladora do Estado.

Segundo a assessoria do órgão, os 380 leitos em UTIs neonatal que existem em hospitais do Estado estavam ocupados. Inclusive, não havia vagas nem particulares, e, somente em Rio Grande, haveria outros oito casos que também estariam aguardando por atendimento.