O mote é puro cinema de ação: um roubo audacioso a um cofre do Banco Central, realizado por um grupo de ladrões que não dispararam um único tiro ou alarme para levar um butim de R$ 164,7 milhões. Melhor ainda: o filme é inspirado em uma história real. Pena que, em Assalto ao Banco Central (2011), a ficção imita a vida sem nenhuma criatividade, desperdiçando o tema em pouco mais do que um arremedo de thriller hollywoodiano.
Filme que marca a estreia na direção cinematográfica do ator e diretor de televisão Marcos Paulo, Assalto ao Banco Central encerrou na semana passada o 6º Festival de Paulínia. O filme romanceia o espetacular roubo ao Banco Central de Fortaleza realizado entre 6 e 7 de agosto de 2005, o maior da história brasileira. O longa, parceria entre grandes produtoras como Fox International Pictures e Globo Filmes, estreia hoje em mais de 300 cinemas no Brasil. Visando a dar dramaticidade e clareza à história, o roteiro de Renê Belmonte - roteirista dos dois filmes Se Eu Fosse Você - reduziu o número de personagens e acrescentou outros, como um cérebro por trás do crime (Milhem Cortaz) e uma mulher fatal (Hermila Guedes).
No filme, o chefão Barão (Cortaz) reúne um grupo para praticar o crime perfeito. Entre os homens que recruta para escavar um túnel e entrar no cofre do Banco Central da capital cearense, ele chama criminosos de vários lugares do país - interpretados por nomes como Heitor Martinez, Gero Camilo, Tonico Pereira e o sempre ótimo Juliano Cazarré, um dos grandes nomes da nova geração de atores brasileiros. Quem coordena a bandidagem é o boa-pinta Mineiro (Eriberto Leão), cujo interesse por Carla (Hermila), companheira do patrão, pode colocar o mulherengo em confronto com o poderoso Barão. Do lado da lei, o assalto é investigado por uma dupla formada pelo veterano tira Amorim (Lima Duarte) e pela policial especialista em tecnologia Telma (Giulia Gam). A alternância entre companheirismo e rivalidade na relação do investigador calejado com a novata impetuosa, claro, emula a dinâmica dos seriados policiais americanos.
Excesso de formulismo, aliás, é o que esvazia a potência de Assalto ao Banco Central. O filme tenta se filiar ao honorável subgênero do "filme de assalto", que inclui títulos clássicos como O Segredo das Joias (1950), de John Huston, Rififi (1955), de Jules Dassin, O Grande Golpe, de Stanley Kubrick (1956), e o brasileiro Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias (1962) - sem esquecer dos recentes O Plano Perfeito (2006), de Spike Lee, e Efeito Dominó (2008), de Roger Donaldson. Mesmo seguindo essa boa cartilha, falta infelizmente ao policial de Marcos Paulo tudo o que empolga nesses filmes citados: tensão dramática entre os personagens, suspense eletrizante, reviravoltas da trama, lances de gênio, piadas inteligentes e uma trilha sonora que não seja óbvia e reiterativa da ação.
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Estreia "Assalto ao Banco Central", que reconstitui roubo de R$ 164,7 milhões, em 2005
Filme conta a história do grupo de ladrões que não disparou um único tiro ou alarme para efetuar o roubo
Roger Lerina
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