Alemão e Zeca tinham hábitos parecidos. Badalavam nas mesmas praias, pegavam ondas nos mesmos lugares, viajavam para as mesmas cidades e compartilhavam a paixão pelo surfe. Até que, ao amanhecer do dia 23, Carlos Chaves Barcellos, o Alemão Caio, 55 anos, matou José Augusto Bezerra de Medeiros Neto, o Zeca Bezerra, 50 anos. Após entrevistar mais de 15 amigos e familiares (a maioria preferiu o anonimato), Zero Hora mostra quem eram os dois e como se originou a tragédia que enlutou o jet-set gaúcho.
O cenário desta história é de mar e ondas. Em se tratando de surfe, areia, música alta, balada e mulheres, Alemão e Zeca eram especialistas. Referências na praia na época em que Torres era uma Punta del Este sem sotaque castelhano. Uma era em que o surfe era hábito apenas para jovens charmosos, bem-nascidos e conhecidos - da mídia e entre si. Nesse ambiente, Alemão e Zeca eram reis.
Alemão, alegre e agitado herdeiro de uma das mais tradicionais famílias gaúchas, era vanguardista desde jovem. Ganhou a primeira prancha e o primeiro troféu no surfe com 11 anos, em 1968, quando estudava no Colégio Anchieta, de Porto Alegre. Tinha carro antes de tirar carteira. Tinha Fusca quando outros andavam a pé, Opala seis cilindros quando os outros estavam em lata velha, caminhonete quando os outros tentavam o primeiro carro zero. A sua família era dona de imóveis valiosos em Porto Alegre, em áreas como as avenidas Independência, Quintino Bocaiúva, grande parte no Moinhos de Vento.
Zeca Bezerra, mesmo sem ter sobrenome tão conhecido como Alemão Chaves Barcellos, era cobiçado pela mulherada praiana. Seus cabelos loiros cacheados faziam sucesso desde quando estudava no Colégio Estadual Julio de Castilhos, em Porto Alegre, quando o "Julinho" era referência nacional em qualidade. Era um adolescente que não levava desaforo para casa, temido e invejado pelos colegas. Também pegava onda desde guri, recorda o irmão Manoel, dois anos mais velho.
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