A festiva noite de premiação do Salão ARP 2023, que ocorreu em 7 de dezembro, coroou não apenas os profissionais e as empresas de publicidade concorrentes, mas também a vitória de uma visão. A arrojada diretoria da Associação Riograndense de Propaganda (ARP) celebrou o sucesso de inovações implantadas nos últimos dois anos e a proposta de estar mais perto dos associados, um público cada vez mais variado de profissionais, sedento de conhecimentos e novas conexões.
De acordo com a diretoria da ARP, o sucesso do Salão, com quase 300 trabalhos inscritos em 21 categorias e ingressos esgotados para a premiação, referendou a necessidade de continuar construindo uma associação forte e agregadora.
– Foi o maior Salão de todos. Tinha umas 600 pessoas lá, todos falando em voltar no outro ano… Foi impressionante. Incrível, não só pelo número de pessoas, mas por termos profissionais de várias gerações. Tinha gente mais nova, gente que eu nem conhecia, gente muito conhecida, figurinha carimbada, todos curtindo muito as premiações, aplaudindo, e vivendo. Foi bem interessante – comemorou o presidente da associação, Fernando Silveira.
Aclamada para uma nova gestão de dois anos, a equipe ainda pode celebrar a manutenção da nominata original do seu núcleo duro – o presidente Fernando Silveira, e os vices Márcia Christofoli, de gestão; Daniela Vargas, de Relacionamento; e Gabriel Casara, de Expansão. Para administrar os novos desafios, além da permanência da maioria dos seus diretores, alguns novos nomes serão anunciados em janeiro.
Em entrevista, Silveira, e sua vice, Márcia Christofoli, fizeram uma avaliação da primeira fase da jornada e projetaram desafios futuros.
No início da gestão, qual diagnóstico vocês faziam da ARP e em que pontos queriam avançar?
Fernando Silveira – Quando assumimos, tínhamos a percepção, por ambiente, por histórico da associação, e também pelo ambiente pós-pandêmico, que haveria de ter um avanço na relação da ARP com os associados, pessoas físicas e pessoas jurídicas – entendendo que o foco eram os profissionais, os publicitários e os profissionais de comunicação comercial. Na verdade, todo o ambiente de comunicação que gera negócio se torna um integrante desse ecossistema criativo. Então, olhávamos para isso e entendíamos que precisávamos aproximar mais, tanto empresas quanto pessoas, e que deveríamos tornar a Associação Riograndense de Propaganda mais abrangente. Ela era muito voltada para as agências e para os negócios que envolvem as agências de publicidade. Embora eu seja dono de agência, publicitário há mais de 30 anos, eu entendo que tem mais players nesse negócio. Então, começamos a fazer isso com o conteúdo, com o discurso de integração, com o conteúdo voltado para todas as áreas.
Márcia Christofoli – Essa gestão se propôs a tornar a ARP mais democrática e mais abrangente. Ainda que a gente entenda que a publicidade é a origem da ARP, hoje temos entre os nossos associados pessoas de diversas profissões, como jornalistas, fotógrafos, designers e profissionais de marketing. E essa foi uma gestão que se propôs a ser um hub de conexões entre eles.
E quais foram as mudanças que vocês imprimiram?
Fernando Silveira – No primeiro Salão, do ano passado, já quebramos algumas regras anteriores. Até então, o modelo [da competição] era voltado por indicação dos nomes. Nós incluímos um júri técnico e de fora do Estado, ou seja, não tinha aquela relação. O jurado [ao avaliar] olhava as marcas, podia até conhecê-las, mas não sabia quem tinha criado [a campanha], ficava mais fácil para julgar.
E como o mercado e os associados receberam essa mudança?
Márcia Christofoli – Ao fazer essa mudança radical no Salão a gente sabia, fazendo uma alusão ao tema do Salão ARP 2023, que estávamos “dando nossa cara a tapa”, porque muitas coisas viriam. Foram muitos anos fazendo as coisas da mesma maneira e mexer naquilo que está consolidado é sempre difícil. Mas acho que o saldo é absolutamente positivo nos retornos. O mercado ansiava por isso. Ainda que estivesse mais acomodado e conformado com o Salão, ansiava por essa mudança mais radical.
Que outras atividades integrativas foram implantadas?
Fernando Silveira – Em relação às atividades ao longo do ano, criamos a meta de entregar um workshop por mês. Os workshops são eventos menores, em que trazemos profissionais para falar de alguns conteúdos específicos para os associados. Já as palestras, tentamos oferecer uma por mês, com temas variados, voltados para o mercado. Além disso, apoiamos eventos dos grupos de profissionais e das entidades. Então, eu diria que a ARP está presente uma vez por semana na vida do mercado, de alguma forma.
Vocês também retomaram as pesquisas sobre o mercado publicitário, correto?
Fernando Silveira – Sim. Entregamos uma pesquisa no primeiro semestre, a Fala 42+, sobre a questão do etarismo, já que, aparentemente, profissionais têm alguma dificuldade de colocação depois de uma certa idade. E agora, nesse segundo semestre, apresentamos a pesquisa do perfil do publicitário gaúcho, com mais de 350 entrevistas com publicitários gaúchos que atuam aqui e fora do Estado. Essa pesquisa havia sido feita há mais de 10 anos e retomamos, fazendo a entrega aos associados no Dia Mundial da Propaganda, em 4 de dezembro. É um mapeamento que diz onde é que as pessoas andam, o que elas estão fazendo, o que elas estão querendo no mercado, quais são os seus questionamentos e suas dúvidas. Foi bem interessante.
E quais são os desafios para a segunda gestão?
Márcia Christofoli – Temos dois focos práticos interessantes. Um deles é entregar um evento voltado ao esporte, porque a gente entende que o esporte é um lugar de acolhimento e trocas muito importante. O segundo é retomar a Semana ARP, que são os conteúdos que antecedem o Salão. Fizemos um teste em 2023, de forma muito simbólica e muito tímida, mas a gente tem o desafio de entregar uma Semana ARP mais robusta, porque vimos que deu certo, que o mercado comprou a ideia, e vemos muitas oportunidades interessantes daqui para a frente.
Fernando Silveira – Acho que tudo pode ser aperfeiçoado sempre e o nosso desafio é conseguir aprofundar mais os conteúdos, transformar a associação em um espaço para correção de alguns temas. O primeiro deles, que pretendemos tratar no ano que vem, é a gestão de negócios, de agências e empresas, com viés de ganho. Temos de dar esse aprendizado porque publicitários e jornalistas têm o costume de não prestar muita atenção em negócios, ficamos mais ligados nas ideias, na parte criativa, sem nos darmos conta de que somos a empresa de nós mesmos. Outros objetivos são aperfeiçoar o Salão e encontrar um ou dois conteúdos macro para novas pesquisas. Talvez o uso prático de inteligência artificial seja um deles. Além de tudo, queremos estar à disposição do associado. Mais do que entregar conteúdos definitivos, queremos trocar com os profissionais, que eles possam trazer suas dúvidas e que possamos evoluir na temática, organizando debates e aprofundando a discussão com profissionais daqui ou de fora. A associação é um espaço aberto para os profissionais do mercado, e eles precisam participar. Temos um viés de escuta maior do que de fala. Queremos ouvir os profissionais, suas queixas e sugestões, e compartilhar com o mercado. Vamos tentar nos transformar juntos.