Há 50 anos, uma das mais belas e tranquilas colinas com vista para o rio Guaíba e a cidade de Porto Alegre passou a abrigar o Cemitério Ecumênico João XXIII, um espaço de descanso e paz para centenas de pessoas. A história do local, contudo, vai além do complexo e se mistura com o desenvolvimento da capital e até mesmo do futebol gaúcho.
Em 1941, o Esporte Clube Cruzeiro decidiu construir seu estádio no terreno que hoje abriga o João XXIII. Naquela época, a região já era lar de uma série de cemitérios e, por isso, ficou conhecida como Colina Melancólica.
Durante 40 anos, o local, batizado de Estádio da Montanha, recebeu torcedores de várias partes do Rio Grande do Sul – as arquibancadas comportavam até 20 mil pessoas. Com a popularização dos automóveis e a redução das linhas de bondes, porém, o complexo esportivo começou a enfrentar um problema sério: a falta de área livre para estacionamento.
A carência de espaço físico também atingia outros setores da capital gaúcha, como o funerário, já que faltavam lugares para sepultar entes queridos. Por conta disso, o Cruzeiro entrou em negociação com a Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul (ACM-RS) e a Cortel Engenharia, construindo um novo estádio em outro local. Na Colina Melancólica, foram erguidos os prédios do Cemitério Ecumênico João XXIII.
O último jogo realizado no Estádio da Montanha ocorreu em 8 de novembro de 1970, quando o Cruzeiro venceu o Liverpool, do Uruguai, por 3 a 2. Dois anos depois, foi inaugurado o Cemitério Ecumênico João XXIII, que iniciou suas atividades apenas com os três primeiros andares do prédio atual.
Algumas características que remetem à história futebolística da região, contudo, continuam preservadas.
– Até hoje são mantidas as arquibancadas, os portões e o túnel por onde passavam os jogadores. Além disso, muitos torcedores e jogadores do Grêmio adquiriram jazigos familiares com vista privilegiada para o antigo estádio Olímpico – conta a Coordenadora da área de necrópole da Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul (ACM-RS), Flávia Gonçalves De Barba.
Celebridades e personalidades importantes do Rio Grande do Sul também escolheram a Colina Melancólica como local de descanso. Entre elas estão Caio Fernando Loureiro de Abreu (jornalista e escritor), Everaldo Marques da Silva (jogador de futebol) e Almir Azeredo Ramos (cantor tradicionalista gaúcho).
No site do João XXIII é possível ver mais informações sobre o cemitério e seus serviços
Ampliação e desenvolvimento
A década de 1980 foi marcada por avanços estruturais e transformações no Cemitério Ecumênico João XXIII. Foi durante esse período que o prédio do local ganhou mais três andares.
Alguns anos depois, em março de 1993, a Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul tornou-se 100% mantenedora e administradora do espaço. Desde então, o complexo recebeu uma série de investimentos, foi destaque em premiações importantes do setor e se tornou um dos principais lugares para sepultamentos e realização de cerimônias fúnebres de Porto Alegre.
Além do Cemitério Ecumênico João XXIII, a ACM-RS é mantenedora do Cemitério e Crematório Ecumênico Parque das Araucárias, localizado em Canela, na Serra Gaúcha. Em 2019, com o objetivo de aperfeiçoar o atendimento e unificar a gestão, a associação criou a marca Grupo Funerário João XXIII.
Qualidade de vida e sustentabilidade
Sempre de olho no incentivo à qualidade de vida e no engajamento esportivo, o João XXIII foi pioneiro na organização de torneios de futsal que envolvem funerárias e cemitérios. Ao longo de seus 50 anos, o complexo também apostou na realização de ações culturais, como peças teatrais, cultos ecumênicos e outras iniciativas para visitantes e familiares das pessoas lá sepultadas.
Em 2020, um novo evento passou a fazer parte do calendário oficial do Grupo Funerário. Chamada de Sarau da Saudade, a ação gratuita já reuniu apresentações culturais, declamação de poemas e até a participação do cantor tradicionalista gaúcho Ernesto Fagundes.
– É importante promover eventos culturais no Cemitério Ecumênico João XXIII porque queremos desmistificar a ideia que o cemitério é um local de tristeza e sofrimento e salientar que trata-se de um lugar de visitação e recordação de boas memórias. Acreditamos que, enquanto houver amor e boas lembranças, a morte nunca será o fim – explica Flávia.
O João XXIII, tendo como um de seus pilares a sustentabilidade, investiu em 2021, na instalação da maior Usina de Energia Fotovoltaica de Porto Alegre. As placas de captação de energia solar foram instaladas na cobertura do prédio que abriga os jazigos. Elas serão responsáveis pela geração de energia para abastecer o próprio cemitério, o Colégio ACM, a ACM Rua da Praia, ACM Esportes Centro, ACM Tramandaí e as Unidades da Área de Desenvolvimento Social da ACM-RS.
– Buscamos constantemente as inovações tecnológicas, principalmente relacionadas à sustentabilidade. Inauguramos, no início de 2022 a maior usina de energia solar de Porto Alegre, que não é meramente um impulso econômico, mas também social. Quando falamos em produção de energia limpa, ressaltamos a união entre responsabilidade social e econômica – afirma a Coordenadora da Área de Necrópole da ACM-RS.
A iniciativa reforça ainda mais que, após 50 anos de história, o Cemitério Ecumênico João XXIII continua sendo testemunha do desenvolvimento, do crescimento e da transformação da região de Porto Alegre. Tudo isso com respeito e valor às memórias daqueles que ali descansam.
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