Ganhar é bom, ganhar da Argentina é melhor ainda. A frase de Galvão Bueno, célebre narrador brasileiro, voltará a aparecer nesta quinta-feira (5), às 15h, quando o Brasil enfrentará os argentinos na semifinal do futebol de cegos na Paralimpíada de Paris.
Única campeã paralímpica, a seleção brasileira vem de uma campanha irretocável na fase de grupos, com duas vitórias e um empate. O Brasil venceu a Turquia por 3 a 0 e a França pelo mesmo placar. Já classificado, na última rodada, empatou com a China.
Os argentinos empataram com Marrocos e Colômbia e garantiram a vaga na semifinal ao vencerem o Japão na última rodada.
— Eles têm uma defesa muito bem postada também. Eles se fecham muito bem e têm atacantes de velocidade e força, principalmente o Max (Espinillo), e isso dá trabalho para nossa defesa. Mas um time conhece o outro, então não vai ter novidade para ninguém no jogo — afirmou Jefinho, camisa 7 da equipe brasileira.
Além da hegemonia nos títulos, o Brasil está invicto em Paralimpíadas. Até então, foram 30 partidas, com 23 vitórias e sete empates.
Em Tóquio, na última edição, a seleção brasileira venceu os rivais na final por 1 a 0. A equipe verde-amarela é ainda a atual campeã Parapan-Americana, mas perdeu para os argentinos na fase de grupos.
A Argentina é atual campeão mundial. Eles venceram o torneio em Birmingham, na Inglaterra, no ano passado — e se sagraram tricampeões. Além disso, possuem duas medalhas de prata e dois bronzes em Paralimpíadas.
O grande destaque do Brasil é Ricardinho, camisa 10 e gaúcho do Agafuc-RS. Um descolamento de retina aos seis anos comprometeu a visão de Ricardinho. Aos 10, o gaúcho começou a jogar futebol de cegos. Já foi eleito o melhor jogador do mundo três vezes: 2006, 2014 e 2018.
Como funciona a modalidade
O futebol de cegos divide atletas em classes B1, B2 e B3. O futebol de cegos disputado nos Jogos Paralímpicos é restrito para atletas B1, que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) indica como “cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância”.
Como o antigo nome (futebol de 5) diz, são cinco jogadores em campo. O goleiro é o único atleta com visão, mas não pode ter jogado futebol profissional nos últimos cinco anos.
Desde 2022, a Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA, na sigla em inglês) mudou algumas regras da modalidade. Entre elas, estipulou a diminuição de 20 minutos cronometrados para 15 em cada um dos dois tempos.