Os Jogos Olímpicos são considerados um momento de consagração máximo para todos os atletas que participam do evento. As Olimpíadas são a concretização de um sonho que fecha um ciclo construído de quatro em quatro anos, em que as competições podem levar os participantes à glória máxima (uma medalha) ou à decepção de ver um trabalho árduo acabar em uma eliminação prematura.
Exemplos de insucessos não faltam — sejam os brasileiros, como os casos de Guga no tênis, em Atenas 2004, ou o de Diego Hypólito na ginástica artística, em Londres 2012; ou até mesmo os estrangeiros, como o de Liu Xang, favorito ao ouro nos 110m com barreiras no atletismo, também na Inglaterra, e a estrelada seleção masculina de basquete americana na Grécia.
Tóquio não poderia ser diferente e reservou surpresas aos espectadores. Quem esperava que o maior nome da história do judô, Teddy Riner, saísse do Japão com uma medalha que não fosse a de ouro?
Foi exatamente isso que ocorreu na madrugada do Brasil e na tarde do país asiático. Lutando para se tornar tricampeão olímpico — antes, subiu ao lugar mais alto do pódio em Londres e no Rio de Janeiro —, o francês perdeu para o russo Tamerlan Bashaev, líder do ranking mundial, teve de ir para a repescagem e se contentar com o bronze na categoria acima de 100 quilos (mesmo resultado que havia alcançado em Pequim, em 2008). A derrota marca uma carreira recheada de títulos e feitos. Riner é 10 vezes campeão mundial, passou quase 10 anos sem perder, defendia uma invencibilidade de 154 lutas até fevereiro de 2020, em Paris. Nada disso foi suficiente para que ele subisse ao lugar mais alto do pódio.
Se algo pode explicar a frustração do lutador é que o seu último ciclo olímpico foi longe do ideal. Em 2017, resolveu tirar um tempo para ficar com a família. O objetivo era se recuperar mental e fisicamente para chegar com força à briga pelo tricampeonato olímpico. Foram quase 20 meses sem competir entre novembro de 2017 e julho de 2019. Voltou para brigar pela vaga em Tóquio.
Em um período de oito meses, foi derrotado duas vezes, mostrando que não era mais tão dominante no seu peso. Faltando poucos meses para as Olimpíadas, o judoca sofreu uma torção em um dos ligamentos do joelho durante lutas de treinamento. Foi ao Japão sem ser cabeça de chave, o que o fez ter de encontrar o número 1 do ranking muito antes da final (nas quartas).
A frustração dos tatames do Budokan, arena do judô em Tóquio, poucas horas depois transferiu-se para as quadras do Parque de Tênis de Ariake. Número 1 do mundo, vencedor de 20 torneios Grand Slam e principal estrela do torneio, Novak Djokovic viu o título olímpico mais uma vez escorrer pelos seus dedos. Assim, perdeu a chance de seguir em busca do "golden slam", quando o tenista vence os quatro maiores torneios do circuito mais os Jogos Olímpicos na mesma temporada — ele já havia vencido os três primeiros torneios do ano.
O sérvio desembarcou no Japão com 22 vitórias consecutivas numa série que incluiu os títulos de Roland Garros e Wimbledon, além do ATP 250 de Belgrado. Chegou para enfrentar o alemão Alexander Zverev invicto e sem perder nenhum set na competição. O começo da partida dava indícios de que Djokovic se encaminhava para a sua primeira final olímpica — venceu o adversário na parcial por 6/1. Depois de atropelar no primeiro set e abrir vantagem no segundo, o número 1 do mundo sucumbiu, repetindo as Olimpíadas de 2016, quando foi eliminado na primeira rodada para o argentino Juan Martin Del Potro no Rio de Janeiro.
A sexta-feira ruim para Djokovic teve um outro capítulo: horas depois de perder para Zverev, o astro foi eliminado também nas duplas mistas, ao lado da compatriota Nina Stojanovic. Eles perderam por 2 a 0, parciais de 7/6 (4) e 7/5, para os russos Aslan Karatsev e Elena Vesnina.
A decepção do tenista pode ser minimizada na próximo domingo, quando ele enfrenta o espanhol Pablo Carreño Busta, número 11 do ranking mundial, na disputa do bronze, em busca da sua segunda medalha olímpica — ele já foi terceiro em Pequim 2008.