A surfista porto-alegrense Tatiana Weston-Webb não é a única representante do Rio Grandre do Sul no surfe nas Olimpíadas de Tóquio. Um dos juízes da competição na praia de Tsurigazaki é o paulista radicado em Torres Marcel Miranda, 45 anos, que foi tetracampeão gaúcho na modalidade.
O surfista prevê um crescimento do esporte no Estado após os Jogos de Tóquio:
— O que sempre prejudicou um pouco o surfe gaúcho foram as condições das nossas ondas e o frio. Mas, ainda assim, isso não nos impediu de ter grandes atletas, como o Rodrigo Dornelles (que disputou o circuito mundial nos anos 2000). Acho que a entrada na Olimpíada será um canhão para o esporte no mundo, e vejo o Rio Grande do Sul com muito potencial.
Juiz de prioridade nos Jogos de Tóquio, o paulista criado nos mares gaúchos é o responsável por definir, durante as provas, qual surfista tem a prioridade para surfar a onda seguinte.
Acompanhando de perto a performance da elite do Brasil no esporte, Miranda aposta no bom momento da surfista Tatiana Weston-Webb, gaúcha radicada no Havaí, como uma grande oportunidade para alavancar o surfe no estado.
— A Tati ainda é tratada no Brasil mais como uma surfista brasileira do que como uma surfista gaúcha. Penso que o gaúcho de uma forma geral ainda não enxergou a Tati como uma gaúcha, mas acho que isso vai acontecer depois da Olimpíada. Então, creio que ela tem tudo para ajudar a desenvolver ainda mais o surfe no Rio Grande do Sul, especialmente o feminino, e ser um espelho para as novas gerações — opina.
Mesmo sendo paulista, Miranda se considera na prática um gaúcho, pois foi no Rio Grande do Sul onde o surfista construiu uma trajetória vitoriosa no esporte, podendo realizar o sonho de participar, como juiz, da primeira competição olímpica da história da modalidade.
— Nasci em São Paulo, mas sou filho de mãe gaúcha e fui para o Rio Grande do Sul muito novo. Como comecei a competir no surfe no Estado e sempre representei o Rio Grande nas competições, o meu coração é gaúcho — afirma.
Logo após encerrar a carreira de atleta, em 2006, Miranda passou a trabalhar na ISA (Associação Internacional de Surfe, na sigla em inglês) como juiz de prioridade, e o seu trabalho nas competições organizadas pela entidade chamaram atenção da direção da entidade, que o convocou para trabalhar nas provas em Tóquio.
— Não passava pela minha cabeça ir às Olimpíadas. Quando fui avisado, não acreditei — contou.
A competição de surfe no Japão teve início no sábado (24) à noite, pelo horário de Brasília, e será disputada até a próxima quarta-feira, na praia de Tsurigazaki, a cerca de 100km de Tóquio. O Brasil tem chance de medalhas tanto na categoria masculina, com Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, como na feminina, com Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima.