O vôlei brasileiro é referência mundial. A modalidade começou a ganhar projeção na década de 1980, em um audacioso projeto que hoje em dia serve como modelo para alguns países que desejam melhorar o seu nível de rendimento.
Além de treinar em Saquarema, no Rio de Janeiro, onde a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) mantém o seu centro de desenvolvimento, muitas equipes vêm ao Brasil para contratar profissionais que possam levar experiência e auxiliar no crescimento do esporte.
Por isso, ao contrário do futebol, muitos treinadores brasileiros dirigem seleções internacionais. Recentemente, a França anunciou que após os Jogos de Tóquio irá ter como seu comandante para Paris 2024 Bernardinho, que está entre os maiores técnicos de todos os tempos no vôlei.
Mas não é apenas o bicampeão olímpico em 2004 e 2016 e prata em 2008 e 2012 que tem trabalhos no Exterior para o próximo ciclo. Aqui no Japão, o torneio feminino tem as seleções de Quênia e República Dominicana sendo dirigidas pelos brasileiros Luizomar de Moura e Marcos Kwiek, respectivamente.
Após a estreia diante do Japão, Luizomar de Moura era só alegria, mesmo com a derrota queniana. Na zona mista, ao ver a presença de jornalistas do Brasil, ele parou para um descontraído bate-papo e relatou como tem sido o trabalho no continente africano.
Experiente, o pernambucano, que se destacou dirigindo o time de Osasco, uma das potências do vôlei brasileiro, se disse impressionado com o desejo de aprendizagem demonstrado pelas atletas e membros de comissão técnica. Em pouco tempo, alguns ajustes foram feitos para organizar melhor o time e dar um nível físico próximo do que se tem nos principais centros.
Na conversa, o treinador de 55 anos também relatou os piores momentos que viveu ao contrair covid-19 e ficar internado em uma UTI.
— Três meses atrás, eu fiquei 11 dias numa UTI, e em algum momento cheguei a ver o meu colega de quarto passar todos os dados de contas e senhas para a família e até pensei que poderia chegar a minha vez — contou, antes de dizer que "estar na Olimpíada foi um grande presente".
Luizomar disse estar "realizando o sonho de todo atleta, de todo esportista", e que "nos momentos de folga na Vila Olímpica ele tem procurado "caminhar, trocar PIN". Mergulhado no clima de sua primeira participação nos Jogos, o treinador que já dirigiu a seleção peruana quer deixar legado no Quênia e aproveitar ao máximo as Olimpíadas de Tóquio, afinal "é muito bom estar vivendo, e vou curtir isso pra caramba".
Vencedor nas quadras e na vida, após ganhar a batalha contra a covid-19, Luizomar de Moura é a personificação do espírito olímpico.
Clima
O clima quente, úmido e abafado do Japão tem causado desconforto e provocado reclamações entre atletas e jornalistas estrangeiros dos Jogos Olímpicos. Para superar os efeitos do forte calor, os organizadores já lançaram mão de várias medidas de emergência, que incluem o fornecimento de bebidas especiais aos competidores, ares-condicionados portáteis e até a instalação de uma estação de resfriamento para cavalos que participarão das provas de hipismo.
Durante o dia, a temperatura tem chegado a 35, 36 graus, com uma insuportável sensação térmica. No tênis, por exemplo, o sérvio Novak Djokovic e outros jogadores já reclamaram das condições climáticas. Em contrapartida, os ginásios de vôlei, basquete e handebol, por exemplo, são dotados de climatização, e o tema não é uma preocupação.
Até mesmo os voluntários, que trabalham nas entradas das arenas e em diversos pontos da área olímpica, têm se utilizado deste kit de refrigeração. Em uma das trocas entre o local de provas de esgrima e taekwondo, pedi para experimentar o ar-condicionado portátil e, em um segundo, tive a sensação de que saí dos 40 para os 15 graus.