A suspensão da Rússia por quatro anos de todos os principais eventos esportivos do mundo, estabelecida pela Agência Mundial Antidopagem (Wada, na sigla em inglês) nesta segunda-feira (9), coloca em dúvida, de uma vez por todas, a soberania esportiva de uma das maiores potências olímpicas do mundo.
A bandeira russa tem grande peso no quadro de medalhas e, fora dos Jogos de Tóquio 2020, deverá abrir uma briga acirrada pela ponta.
Vale ressaltar que, apesar de não vermos alguns nomes de peso nas disputas, os atletas russos ainda têm a possibilidade de conseguirem provar sua inocência por meio de programas independentes de controle de doping, assim, podendo competir com uma bandeira neutra.
Qual o reflexo no quadro de medalhas?
Nas últimas Olimpíadas, a Rússia tem se consolidado como quarta força do mundo — mesmo com a suspensão do atletismo e levantamento de peso nos Jogos Rio 2016. Em Londres 2012, foram 82 medalhas ao total (24 ouros, 26 pratas e 32 bronzes). Já no Brasil, foram 56 pódios (19 ouros, 18 pratas e 19 bronzes).
Com os russos de fora, Alemanha e França aparecem como fortes concorrentes pelo top 4 no Japão. O top 3 tem ficado, com folga, com Estados Unidos em primeiro, e China e Reino Unido brigando pela segunda colocação.
IMPORTANTE: se atletas russos forem liberados pelo COI para disputar a Olimpíada com bandeira neutra, as medalhas não serão contabilizadas para a Rússia.
Nomes que podem não ir para Tóquio 2020
Sim, sentiremos falta de nomes e equipes fortes na competição poliesportiva. Alguns conhecidos pelos brasileiros, como as bicampeãs olímpicas no dueto do nado sincronizado, Svetlana Romashina e Natalia Ishchenko, e a bicampeã olímpica nas barras assimétricas Aliya Mustafina.
No Mundial de Atletismo deste ano, os russos competiram com atletas neutros e conquistaram dois títulos, com Mariya Lasitskene (salto em altura) e Anzhelika Sidorova (salto com vara). No Mundial de Natação foram mais três ouros: Yuliya Yefimova (200m peito), Anton Chupkov (200m peito) e Evgeny Ryov (200m costas).
A Rússia ainda conquistou três títulos no Mundial de ginástica artística, com a equipe masculina e dois com Nikita Nagornyy (individual geral e salto).
Nos esportes coletivos como vôlei e handebol, onde os russos sempre chegam com fortes chances de medalhas, ainda há uma incógnita. O COI não detalhou como vai ser a participação de atletas neutros nos Jogos de 2020. A tendência é de repetir o formato dos Jogos de Inverno de PyeongChang 2018, quando os russos competiram como Atletas Olímpicos da Rússia.
Relembre outras suspensões da Rússia
Novembro de 2015*
Durante investigação de doping organizada na Rússia, após o canal público alemão ARD revelar um esquema de doping sistemático acobertado pelas autoridades russas, a Federação Internacional de Atletismo e de Levantamento de Peso suspendeu a Federação Russa de Atletismo e de Levantamento de Peso de todas suas competições, incluindo os Jogos Rio 2016.
Março de 2016*
A Federação Internacional de Atletismo mantém a suspensão da Rússia de todas as competições, aplicada em novembro de 2015 e prorrogada em março e junho de 2016. Até hoje essa decisão segue em vigor.
Dezembro de 2017*
O COI anunciou a suspensão da Rússia dos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul. A medida é pelo mesmo motivo: o esquema de doping sistemático nos esportes olímpicos do país revelado em 2015. Segundo o documento, russos teriam se beneficiado em mais de 30 esportes e diversas competições.
Dezembro de 2019*
A Rússia foi proibida de participar, por quatro anos, de todos os principais eventos esportivos do mundo. A decisão foi tomada pela Agência Mundial Antidopagem (Wada, na sigla em inglês). Isso significa que o uso da bandeira e a reprodução do hino da Rússia não serão permitidos em eventos, como a Olimpíada de Tóquio 2020 e a Copa do Mundo de 2022.
*Em todos os casos, os atletas russos tiveram possibilidade de conseguir provar sua inocência e competir com bandeira neutra.