Uma família que mora no Bairro Restinga, em Porto Alegre, foi ao Rio de Janeiro trabalhar como voluntária na Olimpíada, que terminou nesse domingo. Os professores Flávio Everson Paiva Teixeira, 47 anos, e Darlane Lúcia Barbosa da Silva Teixeira, 49 anos, além da filha Flavianne Barbosa Teixeira, 21 anos, vivenciaram o evento de um ângulo diferente, fazendo parte de diferentes áreas da estrutura organizacional dos Jogos.
Eles se inscreveram no início de 2015 para serem voluntários na Rio 2016. A confirmação de que trabalhariam mesmo no evento, porém, chegou muito tempo depois. Os três precisaram passar por entrevistas online e presenciais, além de algumas outras atividades propostas pelos organizadores da Olimpíada.
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A carta-convite para ser voluntário foi recebida em diferentes datas por cada um deles. Flavianne foi convidada no final de 2015. Já Darlane ganhou um presente de aniversário e tanto: foi chamada no dia 3 de fevereiro, quando completou 49 anos. Flávio foi o último, confirmado no evento apenas em abril.
A vontade de participar como voluntários veio desde a Copa do Mundo, quando também trabalharam e guardam ótimas recordações. Segundo Darlane, a experiência vivida em Porto Alegre, dois anos atrás, motivou a família a fazer parte de mais um momento histórico para o país.
– Logo que acabou a Copa eu e meu marido conversamos e dissemos: "Vamos participar da Olimpíada". Essa experiência foi muito gratificante para nós – contou a professora de Educação Física.
Cada um ficou em uma área diferente. Darlane deu sorte. Trabalhou no Estádio Olímpico, o Engenhão, onde foram realizadas as provas de atletismo. Pôde ver de perto o fenômeno Usain Bolt e o ouro histórico de Thiago Braz, no salto com vara, para o Brasil.
– Foi uma loucura ver aquelas corridas, aqueles saltos. Vai ficar marcado para mim. Um brasileiro ali pertinho, fazendo história, conseguindo o ouro e o estádio inteiro vibrando – lembrou.
Flávio ficou no setor de credenciamento dos atletas e Flavianne revezou entre a maratona feminina e a marcha atlética. Mas além deles, a caçula também acompanhou a família. Victória Barbosa Teixeira, 15 anos, não pôde trabalhar nos Jogos, mas aproveitou o Rio de Janeiro.
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Os gaúchos conseguiram negociar nos seus empregos a liberação para irem aos Jogos e juntaram as economias para pagarem as passagens e a estadia na capital carioca – a organização do evento só bancou o uniforme, o transporte até os locais onde trabalhariam e uma refeição. Conseguiram hospedagem na sala da casa de uma professora aposentada, na Barra da Tijuca, por R$ 20 cada um, com direito a café da manhã.
– A família que nos recebeu lá no Rio foi muito legal, nos acolheu muito bem. Dormimos em colchonetes, mas estava tudo ótimo – ressaltou Darlane.
Sobre a dificuldade com os diversos idiomas que tiveram que lidar, Darlane conta que essa adversidade foi facilmente superada pela boa vontade de todos que estavam por lá.
– A gente se entendia com gestos. Todos estavam ali com a intenção de ajudar, então a gente usava a linguagem que dava e todo mundo se entendia – afirmou.
Para ela, as questões organização e segurança levaram nota dez. Mas o que mais lhe marcou foi a simpatia e a concentração de atletas de elite, como Usain Bolt.
– Todos pediam para eu tirar foto com ele (Bolt). Mas a gente não podia tocar neles. Até porque ele se isolava antes das provas, que era quando a gente tinha mais contato com os atletas. Mas ele é incrível, tem um carisma enorme. Assim como outros competidores que nos atenderam muito bem – disse ela sobre o recordista mundial em provas de 100m, 200m e revezamento 4x100m.
Terminada a Olimpíada, todos de volta a Porto Alegre, garantem que vão levar essa experiência única para a vida toda. Conversando na tarde desse domingo, enquanto assistiam à cerimônia de encerramento dos Jogos, se deram conta da importância do momento que vivenciaram de perto.
– Comecei a pensar: "Participei desse momento histórico. Eu dei minha pequena contribuição para que o mundo visse o Brasil com outros olhos". Dá orgulho. Foi um momento único. As lembranças e as experiências vão ficar para sempre.