Com uma goleada de 6 a 0 sobre Honduras, no Maracanã, a seleção masculina está na final dos Jogos Rio 2016. Pela quarta vez. Uma vez mais, resta um jogo para a medalha de ouro, a única conquista que o futebol do Brasil ainda não tem, para se juntar às três de prata e às duas de bronze.
O adversário será a Alemanha, que venceu a Nigéria na Arena Corinthians. Um fantasma de Copa do Mundo. É hora de exorcizá-lo.
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O Brasil começou o jogo classificado. Sim, porque aos 14 segundos de jogo o zagueiro Palacios recebeu a bola e se atrapalhou com ela, na tentativa de recuar para o goleiro Luis López. Foi então que, ao erguer os olhos, Palacios viu Neymar surgir como um agente do caos, tomar-lhe a bola, dividir com López e, com o joelho esquerdo, marcar o gol mais rápido da história do futebol olímpico.
Na queda, o camisa 10 bateu com o peito no chão e ficou quase cinco minutos fora do campo sendo atendido, gerando grande apreensão nas arquibancadas. Ao retornar, foi ovacionado.
Logo após o gol e com os gritos de quase 70 mil torcedores, os jogadores de Honduras, surpresos, pareciam não saber se estavam no Maracanã ou em Tegucigalpa. Sem alternativas diante de um Brasil superior, os hondurenhos esqueceram o espírito olímpico e passaram a bater. Com 20 minutos, dois jogadores já haviam recebido cartão amarelo. Das arquibancadas, uma pequena vingança: cada vez que Honduras tocava na bola, era vaiada.
Luan é peça-chave no sistema de jogo do Brasil olímpico. Aos 12 minutos, quase marcou. Parou na ponta do pé de López. Aos 25, recebeu no meio-campo e fez um lançamento perfeito para Gabriel Jesus (em impedimento, não marcado), que, ao ver o desesperado goleiro correr em sua direção, deu um tapa para o lado, marcando o 2 a 0.
Sob um calor de 33ºC, a seleção brasileira passou a trocar mais passes enquanto os hondurenhos se desgastavam correndo atrás e cometendo faltas. Foi assim que surgiu a goleada. Neymar lançou Jesus às costas de Pereira. O ex-Palmeiras e atual Manchester City ficou cara a cara com o goleiro e , como se estivesse no recreio da escola, mandou uma bomba no ângulo. Um golaço.
Com o 3 a 0 e a vaga à disputa da medalha de ouro assegurada ainda no primeiro tempo, o Maracanã foi uma festa só. A torcida foi de "arrá, urrú, o Maraca é nosso" até uma releitura de Glória, Glória, Aleluia, mas trocando o "louvemos ao Senhor" por "louvemos ao Gabriel Jesus".
No segundo tempo, o Brasil por pouco não ampliou. Com menos de dois minutos, Gabriel Barbosa sofreu um pênalti, que não foi marcado, e Luan perdeu um gol cara a cara com o goleiro.
O 4 a 0 parecia uma obviedade. E ele veio aos cinco minutos. Após cobrança de escanteio, Walace desviou e Marquinhos se atrapalhou com a bola na pequena área. Mas teve tempo de se recuperar e bater a gol, sem chances para López. Ato contínuo, a torcida reagiu, como em um clássico:
– Ô, Alemanha, pode esperar, a tua hora vai chegar.
A partir daí, com o jogo definido e um calor de verão no inverno carioca, a partida caiu muito. O Brasil passou a trocar passes, o que não dificultou em nada as chegadas da seleção ao gol de López, enquanto os hondurenhos tentavam chegar ao final da partida com 11 jogadores em campo. Aos 33 minutos, já em ritmo de festa, o Brasil fez linha de passe na área de Honduras e Felipe Anderson cruzou para Luan entrar quase caminhando e encostar para o gol: 5 a 0. Mas cabia mais. E, aos 45 minutos, Luan foi derrubado na área. Neymar cobrou e fez o sexto gol do Brasil.
Se Honduras queria reeditar o Uruguai de 1950, o Maracanazo foi adiado. É o Brasil quem segue sonhando com o ouro olímpico.
*ZHESPORTES