Anfitrião participando com uma delegação recorde de 465 atletas, o Brasil tem chances reais de medalha de ouro em algumas modalidades em que os nossos competidores são figuras de destaque. Mas, é claro, para isso, precisam superar adversários de qualidade presentes nos Jogos Olímpicos Rio 2016:
ESPORTES INDIVIDUAIS:
NO JUDÔ (categoria até 78kg)
A grande e histórica rival de Mayra Aguiaré a americana Kayla Harrison. As duas são amigas fora do tatame e várias vezes treinaram juntas. Elas fazem o maior duelo do judô mundial recente, revezando-se em conquistas. A gaúcha de 24 anos venceu o combate em fevereiro no Grand Slam de Paris, mas Kayla, campeã olímpica em Londres, em 2012, e dos Jogos Pan-americanos de Toronto, em 2015, derrotou recentemente Mayra no World Masters, no México, e está em vantagem – desde 2010, foram 17 duelos, com nove vitórias de Kayla e oito de Mayra.
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NAS ARGOLAS (ginástica artística)
O bicampeonato olímpico de Arthur Zanetti depende de o paulista de 26 anos repetir um desempenho como o de Londres, há quatro anos, e, assim, superar seu amigo e campeão do mundo Eleftherios Petrounias. O grego ganhou a disputa no final do ano passado. Também são perigosos os chineses Hao You e Yang Liu, que completaram o pódio no último mundial e sobre os quais a própria equipe brasileira admite ter poucas informações, dado o regime quase secreto de treinamento da dupla. Sabe-se apenas que são fortíssimos candidatos.
NO SALTO COM VARA (atletismo)
Mesmo sem a megaestrela russa Elena Isinbaeva, a paulista Fabiana Murer, de 35 anos, tem na cubana Yarisley Silva e na grega Ekaterini Stefanidi adversárias mais do que qualificadas. Yarisley é rival antiga. Prata na Olimpíada de Londres, foi campeã mundial e dos Jogos Pan-Americanos de Toronto no ano passado. Ekaterini ganhou neste mês o ouro no campeonato europeu de atletismo, já tendo saltado 4m86cm nesta temporada – ficou atrás apenas dos 4m87cm de Fabiana, melhor marca do ano.
NO TIRO ESPORTIVO (pistola 10m)
O ucraniano Oleh Omelchuck surgiu como uma ameaça recente, figurando agora como segundo colocado no ranking mundial que é liderado pelo paulistano Felipe Wu, de 24 anos. Embora tenham sofrido queda recente nas posições, o norte-americano Will Brown e o sul-coreano Jongoh Jin não são nomes a descartar.
NA VELA (classe laser)
Robert Scheidt conquistou cinco medalhas em cinco Jogos: ouro em Atlanta (1996) e Atenas (2004), prata em Sidney (2000) e Pequim (2008), bronze em Londres (2012). Sua experiência será mais do que necessária para subir ao pódio outra vez, contra competidores mais jovens. Se no passado a rivalidade sempre apontava o inglês Ben Ainsle, agora há pelo menos cinco fortes adversários apontados pelo próprio Scheidt, que retorna à classe laser: Tom Burton, da Austrália; Nick Thompson, da Inglaterra; Jean-Baptiste Bemaz, da França; Tonci Stipanovic, da Croácia; e Philipp Buhl, da Alemanha. Thompson sagrou-se bicampeão mundial em fevereiro.
NOS 50M NADO LIVRE (natação)
A prova que consagrou Cesar Cielo tem em Bruno Fratusum brasileiro candidatíssimo ao pódio e postulante ao ouro, ainda que como zebra. Para isso, o carioca de 27 anos terá a difícil missão de superar o francês Florent Manaudou, campeão olímpico e mundial, que nos últimos quatro anos só não foi o melhor do mundo em 2013 e que tem o melhor desempenho da atual temporada, sonhando em quebrar o recorde mundial da prova no Rio de Janeiro. Os gaúchos poderão conferir o favorito francês durante o período de treinamentos da França em Porto Alegre antes dos Jogos.
NA MARATONA AQUÁTICA (natação)
Talvez seja da natação nossa maior chance de ouro, desde que a baianaAna Marcela Cunha, de 24 anos, supere a atual campeã do circuito, a italiana Rachele Bruni. Rachele, 25 anos, venceu quatro das 11 etapas da competição na temporada passada, tendo ficado na quarta colocação na prova dos 10km no Mundial de Kazan. Ana Marcela vai para sua segunda Olímpiada – ficou em quinto em Pequim, e quer superar a decepção de não haver se classificado para Londres. Outra forte rival é também brasileira:a experiente Poliana Okimoto, mais uma que já foi campeã do Circuito Mundial.
NA CANOAGEM (C1 1000m)
Considerado um prodígio em sua modalidade, o paulistano Isaquias Queiroz, de 22 anos, vai precisar derrotar um adversário consagrado, o alemão Sebastian Brendel, ouro em Londres 2012 e atual tricampeão mundial da prova. Aos 28 anos, Brendel é um craque das canoas.
ESPORTES COLETIVOS
NO FUTEBOL MASCULINO
As maiores ameaças são conhecidas: Argentina e Colômbia. Os argentinos têm dois ouros nas últimas três edições dos Jogos e contarão na equipe com nomes como o atacante Calleri (ex-São Paulo), o volante Romero, do Cruzeiro, e os meias Giovanni Simeone e Lanzini (ex-Fluminense). Já os colombianos apresentam uma boa geração de jovens, com destaque para Miguel Borja, do Atlético Nacional, de Medellín. Da África, a maior expectativa fica com a Nigéria. Se a Europa der trabalho, será surpresa, já que países como Alemanha, Suécia e Dinamarca virão desfalcados devido à recusa dos clubes europeus de liberarem seus destaques para o torneio olímpico. Portugal, atual campeão da Euro, vem com uma equipe reserva.
NO VÔLEI DE PRAIA FEMININO
A dupla brasileira Larissa e Talitaatualmente ocupa a quinta colocação do ranking do Circuito Mundial. Na Olimpíada, elas enfrentarão a norte-americana Kerri Walsh, lenda da modalidade, mesmo sem sua parceira Misty May, da dupla tricampeã olímpica de 2004, 2008 e 2012. Walsh joga agora com April Ross, medalha de prata há quatro anos. Elas estão na segunda posição no ranking, mas a tradição as coloca acima até da dupla número 1, as alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst.
NO VÔLEI DE PRAIA MASCULINO
Álison e Bruno Schmidt, atuais campeões do Circuito Brasileiro, precisarão derrubar a dupla americana número 1 do ranking mundial, Nick Lucena e o campeão olímpico Phil Dalhausser (ouro em 2008). Antes disso, já na primeira fase da disputa, ambos enfrentarão os italianos Adrian Carambula e Alex Ranghieri, que ocupam a segunda colocação no Circuito.
NO VÔLEI FEMININO
Aconquista do Grand Prix e a responsabilidade da busca de um tricampeonato olímpico pesam sobre as brasileiras, como uma espécie de adversário interno. Mais uma vez, as maiores ameaças vêm dos Estados Unidos, que perderam para as brasileiras as duas últimas finais olímpicas e recentemente a decisão do Grand Prix, e da Rússia, que, embora derrotada pelo Brasil no Grand Prix, tem um time forte, de tradição e que cria uma situação permanente de clássico contra o time brasileiro.
NO VÔLEI MASCULINO
O Brasil já conquistou todos os títulos importantes da modalidade e tem cinco medalhas olímpicas na bagagem: duas de ouro (Barcelona, 1992; Atenas, 2004) e três de prata (Los Angeles, 1984; Pequim, 2008; Londres, 2012). A grande ameaça recente, a Sérvia (campeã da Liga Mundial) está fora dos Jogos, mas o equilíbrio entre os rivais continua grande. Mesmo com resultados modestos recentemente, a Rússia traz na bagagem a medalha de ouro em Londres. A Polônia tem o título mundial de 2014, a França ganhou a Liga do ano passado em uma final no Maracanãzinho (e, neste ano, ficou com o bronze). Além deles, os Estados Unidos e a Itália são sempre competitivos.