A Olimpíada nem começou, mas o goiano Rafael Andrade já fez história na competição. Isso porque o atleta da ginástica de trampolim se tornou o primeiro brasileiro da modalidade a se classificar para uma edição dos Jogos. Aos 29 anos, a vaga veio em 2015, durante o Mundial de Odense, na Dinamarca, quando ficou com a melhor colocação entre os esportistas nacionais.
Rafael mora desde 2014 na Inglaterra e treina principalmente na cidade de Poole, no litoral sul do país. Faz também viagens a outros países europeus, como a Alemanha, para treinar com atletas de nível olímpico. Devido ao intenso período de treinos, o brasileiro afirma que se sentia preparado para conquistar o lugar na Rio-2016. A confirmação da vaga tornou realidade o grande desejo de sua carreira.
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– Essa conquista é a realização do meu maior sonho como atleta, de me tornar um atleta olímpico. Eu me sinto ainda mais honrado por ser o estreante do Brasil nos Jogos Olímpicos, competindo dentro de casa. Vou ter a oportunidade de compartilhar esse momento com grande parte da comunidade do trampolim brasileiro, que vai poder estar presente na arena (Arena Olímpica do Rio) – afirmou em entrevista à ZH.
A história de Rafael Andrade é mesmo marcada por conquistas inéditas. O ginasta ganhou medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, no México, sendo o primeiro homem brasileiro da ginástica de trampolim a subir ao pódio na competição. É verdade, porém, que os últimos anos foram de altos e baixos – ele não se classificou para o Pan de Toronto, em 2015, mas conseguiu a recuperação no Mundial de Odense.
Quando o assunto é medalha na Olímpiada, Andrade é mais cauteloso. Prefere dizer que deseja fazer uma competição sem erros e garante que vai dar todos os esforços para ter sua melhor performance:
– Meu objetivo para os Jogos Olímpicos é fazer uma competição limpa, sem falhas técnicas e poder ter o meu melhor somatório total em competições. Vou treinar totalmente focado nisso nos próximos meses.
O atleta teve seu primeiro contato com o esporte aos 10 anos, em Goiânia. Foi matriculado pelos pais em aulas de ginástica artística. A troca para o trampolim foi um acaso. Ocorreu, na verdade, por motivos financeiros.
– Quando começamos a nos desenvolver na ginástica, precisávamos de equipamentos melhores. Porém, em relação a custos, o trampolim é bem mais barato do que a artística. Então, a minha treinadora na época optou por comprar trampolins novos e migrar da artística para o trampolim. Como eu fazia por diversão, e tudo isso aconteceu logo quando iniciei, nem percebi essa mudança de esporte – completa.
Confira outros trechos da entrevista:
Como será sua preparação até os Jogos?
Meu plano é continuar treinando na Inglaterra, país em que estou desde 2014. No meu clube inglês tem um ginasta classificado para o evento-teste, então acredito que continua sendo o lugar ideal para seguir com meus treinamentos. Fora isso, pretendo fazer estágio de treinamento em Portugal ou na França, países que também têm tradição no trampolim e que são próximos da Inglaterra. Além disso, pretendo participar do evento-teste, em abril.
Você ganhou a prata nos Jogos Pan-Americanos de 2011, mas ficou fora do Pan de Toronto. Foi um período de altos e baixos?
A medalha de prata no Pan de Guadalajara continua sendo o principal resultado do trampolim masculino do Brasil, assim como os últimos títulos de campeonatos Sul-Americanos também foram conquistados por mim. Infelizmente, para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, tínhamos direito a apenas uma vaga por naipe. No Campeonato Brasileiro, competição em que foi decidida a vaga, eu terminei na segunda colocação, com uma diferença de apenas 0,5 ponto para o primeiro lugar. Aquele não foi o meu dia, mas nunca me desestimulei ou desacreditei de mim para continuar focado no Mundial da Dinamarca. O objetivo principal era a classificação para os Jogos Olímpicos, antes de tudo.
Você tem algum ídolo que o inspira?
Quando entrei na seleção, em 2005, e tive a experiência de morar em Curitiba (PR) perto dos grandes nomes da ginástica artística, como Daiane dos Santos, Daniele e Diego Hypólito, Lais Souza, por exemplo, isso foi bastante inspirador para mim. Eles eram referências e estavam muito próximos a nós. Dentro do trampolim há alguns atletas especiais para mim, que admiro bastante pela capacidade não só técnica, mas também de saber lidar com as emoções e não se afetar. Destaco os atletas canadenses multimedalhistas olímpicos Karen Cockburn, Rosie MacLennan e Jason Burnett.
*ZHESPORTES