A luta olímpica feminina brasileira conquistou um feito histórico nesta sexta-feira. A modalidade, que agora quer ser chamada de "wrestling", conseguiu classificar três lutadoras à Olimpíada do Rio. Gilda Oliveira (até 69kg), Laís Nunes (até 63kg) e Joice Silva (até 58kg) avançaram às respectivas finais do Pré-Olímpicos das Américas e, com isso, carimbaram o passaporte para os Jogos do Rio 2016. Antes, Aline Silva, quarta colocada no Mundial na categoria até 75kg no ano passado, também havia se classificado.
O desempenho é histórico porque nunca antes o Brasil havia conseguido levar mais do que dois atletas para uma mesma edição dos Jogos Olímpicos – feito alcançado em Seul 1988. Antoine Jaoude foi o único representante do País em Atenas 2004, Rosângela Conceição a única em Pequim 2008 e Joice Silva foi sozinha a Londres 2012.
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Essa evolução vem atrelada, não se pode negar, a um novo momento da luta, que, para não deixar o programa olímpico, aceitou ampliar de quatro para seis o número de subdivisões de peso no feminino, abrindo espaço para mais atletas exatamente onde o Brasil tinha mais margem para crescer
Essa evolução ficou comprovada nesta sexta-feira, quando cinco brasileiras subiram no tapete montado num ginásio em Frisco, no Texas (EUA). Só Giulia Penalber (53kg) e Susana Santos (48kg) não avançaram à final, ficando sem a vaga olímpica. A irmã de Victor Penalber, do judô, vinha de medalha de prata no Campeonato Pan-Americano, realizado no fim de semana passado, também em Frisco.
Laís Nunes ganhou o Pan-Americano e, nesta sexta, confirmou o favoritismo avançando à final da categoria até 63kg. Natural de uma cidadezinha do interior de Goiás, a atleta do Sesi-SP de apenas 23 anos venceu a colombiana Leidy Mendez e a venezuelana Nathaly Herrera para garantir a vaga olímpica.
A carioca Gilda Oliveira é bem mais experiente e vai completar 33 anos em sua primeira Olimpíada. Faixa preta de jiu-jítsu, a atleta da categoria até 69kg já estreou na semifinal do Pré-Olímpico e precisou de apenas uma vitória para ir à Olimpíada, sobre a mexicana Diana Gonzales.
A última a se garantir no Rio 2016 foi Joice Silva. A veterana de 32 anos perdia por 3 a 0 a semifinal contra Lissette Castillo, do Equador, mas conseguiu um golpe incrível no fim da luta, obtendo o encostamento. Ela vinha de uma lesão no joelho e havia perdido os três combates que fez no torneio do fim de semana. Nesta sexta, obteve duas vitórias – eliminou Yanet Nino, do Peru, nas quartas de final.
Nas duas categorias mais leves, o Brasil não foi bem. Na até 53kg, Giulia Penalber perdeu ainda nas oitava de final, para Lianna Herrera, de Cuba. Susana Santos estreou vencendo Sheykaliz Martínez, do Peru, mas parou na semifinal diante de Patrícia Bermudez, da Argentina. Ela ainda briga pelo bronze, mais tarde. Susana tem mais uma chance de ir ao Rio 2016, pelos dois Pré-Olímpicos Mundiais, em abril (na Mongólia) e em maio (na Turquia). Mas, contra o resto do mundo, a tarefa será muito mais complicada.
A classificação de quatro mulheres brasileiras para os Jogos Olímpicos do Rio é uma ducha de água fria para os homens. O Brasil tinha direito a até quatro convites no total, e havia a expectativa de que um fosse para a luta livre masculina e outra para a luta greco-romana, exclusiva dos homens. Mas, com as quatro vagas garantidas pelos critérios universais, o Brasil não tem mais direito a nenhum convite. Os homens que quiserem ir ao Rio 2016 terão de se classificar lutando mesmo. O sábado em Frisco terá as seis chaves da luta livre masculina, mas os brasileiros são azarões. Nenhum deles ganhou uma luta sequer no Pan-Americano.
Já no domingo, na luta greco-romana, as chances crescem bastante. Especialmente com o armênio naturalizado Eduard Soghomonyan, que foi vice-campeão pan-americano no fim de semana passado, perdendo de um cubano na final. Só que Cuba já tem vaga olímpica na categoria dele, até 130kg, assim como os EUA, abrindo caminho para o brasileiro. Ronisson Brandão e Davi Albino também têm boas chances.
*ESTADÃO CONTEÚDO
Inédito
Brasil faz história e classifica quatro mulheres à Olimpíada na luta olímpica
O Brasil nunca havia conseguido levar mais do que dois atletas para uma mesma edição dos Jogos Olímpicos
Estadão Conteúdo
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