Natural de Caxias do Sul, Leonardo Finco tem a missão de organizar a participação da seleção masculina de Ginástica Artística na Olimpíada. Técnico do Grêmio Náutico União há mais de vinte anos, ele foi convocado no último mês para ser o chefe de equipe no Rio 2016, mesma função que já desempenhou no Pan de Toronto.
A esta função, compete toda a parte administrativa da preparação para os Jogos Olímpicos. Datas de treinos, horários, equipe multidisciplinar que vai trabalhar na competição, planejamento diário dentro da Olimpíada, documentação de inscrição nas competições e controle de todo o grupo de treinadores e atletas.
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Mesmo sendo responsável pelos processos mais burocráticos, Finco também tem envolvimento com a parte técnica, já que é o coordenador da seleção masculina na Confederação Brasileira de Ginástica e trabalha com os atletas no dia dia durante o ano todo. E será dele a missão, em conjunto com outros profissionais, de decidir os cinco titulares que disputarão os Jogos até 60 dias da Olimpíada.
Você já foi chefe da equipe no Pan de Toronto. Como essa experiência ajuda para a Olimpíada e qual o principal desafio?
O Pan é uma miniolimpíada. O trabalho foi bem fácil, porque a gente teve uma boa preparação. Consegui deixar tudo pronto com antecedência, o que me ajuda a refazer o trabalho com mais qualidade nos Jogos. Toda o suporte do COB também facilita e nos deixa com mais tranquilidade, principalmente no que se refere às questões estratégicas para lidar com a pressão do evento, ainda mais sendo em casa. Vamos ter questões de família, clubes, patrocinadores, todos que têm envolvimento direto com os atletas vão exercer uma certa pressão no trabalho deles e a gente tem que administrar bem para que não interfira.
E como você pensa em fazer isso?
Eu acho que o segredo vai ser um bom planejamento. Saber o horário para que cada ação aconteça e que a interferência não possa gerar nenhum prejuízo ao trabalho técnico. Se a gente conseguir estabelecer as regras de como isso vai se dar no dia da no Rio, acho que teremos sucesso.
Como você avalia a participação do Brasil no último mundial? Apesar da surpresa do Arthur Zanetti fora da final das argolas, a equipe masculina garantiu vaga olímpica.
Só não foi excelente por conta da não classificação do Arthur para a final das argolas. É um ponto crítico e temos de corrigir as falhas que houveram para os Jogos Olímpicos. Essa final era natural para a gente, não aconteceu e isso liga um sinal de alerta. Nos demais aparelhos, foi conforme a gente planejou. Precisávamos classificar entre oitos e conseguimos. E ainda colocamos um ginasta na final da barra.
Se falou que o desempenho do Arthur Zanetti nas argolas foi impactado pelo fato dele estar competindo em outros aparelhos para ajudar a classificação da equipe. Qual a sua avaliação?
O Arthur sempre colaborou com os outros dois aparelhos. O Arthur e os concorrentes estão chegando com uma diferença muito pequena, a margem é muito tênue. É este detalhe mínimo que a gente tem de atacar e corrigir. Ele vai seguir este planejamento, e, na Olimpíada, também vai competir no solo e salto. Claro que vamos ter um foco para as argolas que é o maior potencial dele. Se virmos alguma interferência dos outros aparelhos, vamos priorizar as argolas.
Qual o objetivo da seleção masculina no Rio 2016?
A briga tem várias frentes. A equipe está toda aberta ainda, mas o foco de medalha é nas argolas, com o Arthur. No individual geral, o Sérgio Sasaki vem mais forte e a gente vai brigar para que ele esteja próximo à zona de medalha. Como ele veio de duas cirurgias, é cedo para precisar se vai estar brigando por medalhas, mas ele vai ser trabalhando para isso. Sobre o Diego (Hypolito), estamos estudando a participação dele para brigar no solo. Os demais atletas terão foco no trabalho da equipe. Quando eu tenho dois especialistas, a equipe acaba ficando um pouco fragilizada. Diferente do que eu fiz no Mundial, que focamos na equipe, na Olimpíada, o foco vai ser nas medalhas individuais.
*ZHESPORTES