As experientes Juliana e Maria Elisa estão em uma luta feroz para garantir um lugar na próxima Olimpíada. Atualmente, a dupla está na terceira colocação na corrida olímpica, sendo que as primeiras colocadas carimbam o passaporte e o segundo representante é definido por convocação da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
Em entrevista, as duas falam sobre a pressão na luta pela vaga e a relação com ex-parceiras.
O vôlei de praia tem a particularidade de uma briga muito ferrenha para garantir a vaga olímpica. Vocês têm chances de conquistar medalha se estiverem lá, mas não têm certeza se estarão nos Jogos. Como é lidar com essa situação?
Juliana - O Brasil vive esse dilema maravilhoso. Acho que qualquer nação queria passar por isso. É o ciclo olímpico mais disputado na história no feminino. Quem for, tem chance de ganhar medalha. Estamos vivendo uma pressão pré-Olimpíada. É bom para o esporte e também para a gente. Em outros ciclos olímpicos, vi as coisas acontecendo de uma forma diferente. Em uma Olimpíada, o mais importante é estar lá. Estando lá, entram outros fatores. Neste caso, é mais especial. O caminho é curto, são oito torneios. O prazo já está acabando.
Você disse que viu, em outros ciclos, algumas coisas diferentes. A que você se referia?
Juliana - Para todos os países, até 45 dias antes da Olimpíada ainda estava em jogo a classificação. Em 2004, quando eu estava começando no vôlei de praia, a primeira etapa que a gente ganhou era a última etapa para a classificação, na Espanha. Ali eu vi gente passando mal, vomitando, vi gente vendendo jogo. São coisas muito fortes. É diferente do que eu estou vivendo agora. O Brasil está fazendo diferente, define antes. Houve Olimpíadas em que o segundo time foi lá e ganhou. E o segundo time quase não foi, era terceiro até pouco antes de definir a classificação. Em 2008, a gente conseguiu a classificação um ano e meio antes. Em Londres, abrimos uma vantagem grande com antecedência. Agora, está bem mais difícil. O nível do Brasil está um pouco acima do que antes.
Como é a relação de vocês com ex-parceiras de dupla? Como é enfrentá-las?
Maria Elisa - Acho muito natural no momento em que acaba uma sociedade. Eu sempre friso isso. Eu e a Juliana, além de dividir a quadra, nós somos contratadas por um patrocinador e há uma equipe que nos apoia. Quando tudo isso acaba, no começo é um pouco doloroso porque é uma história que você criou com aquela pessoa. Mas depois você tem objetivos novos, com outra pessoa. É como enfrentar qualquer outro adversário. Você tem de ser prático, é o ganha-pão de todos ali. Eu tenho que usar as coisas que eu sei daquela pessoa a meu favor, e, ao mesmo tempo, ela vai fazer o mesmo em relação a mim. Tenho um respeito muito grande por minhas ex-parceiras, mas isso tudo é colocado fora da quadra. Dentro da quadra é uma guerra, e você tem de usar todas as suas armas contra aquela pessoa que te conhece muito.
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