O atletismo brasileiro é a mais contundente propaganda da nova lei que restringe a reeleição de dirigentes esportivos. A potência que viu nascer monstros como Agberto Guimarães, Joaquim Cruz, Zequinha Barbosa e Robson Caetano, que antes foi capaz de criar um Adhemar Ferreira da Silva e um João do Pulo, hoje tem Fabiana Murer. E só.
Não há como descolar a queda de resultados do atletismo da quase interminável gestão de Roberto Gesta de Melo. Mesmo que fosse o mais competente dos dirigentes, simplesmente não há justificativa para que fique por 26 anos no poder.
Mas como responsabilizá-lo por fracassos recentes se deixou a presidência da Confederação Brasileira em 2012? Simples. Faz tempo que o Brasil vive de talentos isolados, referências que surgem apesar de uma gestão confusa. Toronto não foi acidente. Nas últimas quatro Olimpíadas, os brasileiros conquistaram apenas três medalhas, isso no esporte que mais distribui ouros, pratas e bronzes.
Não que tenhamos trazido caminhões de medalhas das Olimpíadas anteriores, mas é preciso pensar em proporção. O Brasil que venceu 17 medalhas em Londres não ganhou nenhuma no atletismo. O que conquistava oito em 1984, em Los Angeles, tinha o ouro de Joaquim Cruz, ou o que vencia quatro em 1980 contava com o bronze de João do Pulo.
Enquanto o país mudou de patamar no cenário olímpico, posicionando-se próximo do grupo dos 10 melhores, o atletismo se estagnou, mesmo com aportes polpudos da Lei Agnelo Piva e de patrocinadores do peso como a Caixa Econômica Federal. Resta saber se a nova gestão terá condições, no longo prazo, de impulsionar o Brasil a outro nível nas pistas.
*ZHESPORTES