Não são atrasos nas obras de estádios e arenas ou a podridão das águas da Baía da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas que merecem a maior apreensão de atletas, técnicos ou dirigentes brasileiros para os Jogos do Rio de Janeiro no ano que vem. Quem pensa, pratica ou apenas curte o esporte em nosso país já começa a ter calafrios pelo futuro. O que acontecerá após o dia 21 de agosto de 2016?
Se é verdade que nunca houve tanto dinheiro para a prática desportiva de alto rendimento em nosso país, ninguém garante a manutenção dos investimentos tão logo se apague a pira olímpica no Maracanã. Em meio à provável euforia pela melhor participação do Brasil nas Olimpíadas corre-se o risco de uma fuga em massa de recursos. Não é nenhum pensamento apocalíptico, tanto que os desportistas já falam abertamente sobre isto. Ninguém tem certeza de como se estará já em 2017. Não há garantia que os milhões investidos com verbas estatais - Petrobras, Eletrobras e Caixa, por exemplo - estarão assegurados, bem como outros tantos que saem da iniciativa privada através de instrumentos legais e isenção de impostos.
A crise tem data para fechar torneiras. O desafio que vale mais do que uma medalha de ouro para toda a comunidade esportiva brasileira é criar mecanismos de segurança para o "Brasil pós-olímpico", aquele em que o exemplo dos competidores de alta performance, os medalhados, servirá para o trabalho de base junto a novos talentos nas escolas. O Rio 2016 não pode para nós ficar restrito à festa ou aos resultados de disputas. É algo maior e muito mais permanente. De pouco valerá se não tivermos um 2017, 2018, 2019 para chegar, quem sabe melhor em Tóquio 2020.
*ZHESPORTES