O troféu do Campeonato Brasileiro de Equipes está na casa do judô do Rio Grande do Sul pela primeira vez na história. Nesta segunda-feira (4), os atletas da Sogipa, campeões do Grand Prix disputado domingo (3), em Belo Horizonte, foram recebidos pela diretoria do clube no dojô.
Coube aos capitães da equipe e medalhistas olímpicos Leonardo Gonçalves e Rafael Macedo a missão de entregar o troféu para o presidente Adílio Schneider Finger.
— A Sogipa é o clube que me abriu as portas. Lutei ao lado dos meus irmãos. Essa conquista é muito importante para o clube — disse um rouco Leonardo Gonçalves, que deixou parte de sua voz na Arena UniBH, em Minas Gerais.
Principal competição por equipes do calendário brasileiro, o Grand Prix é disputado desde 2003. A Sogipa é bicampeã no feminino (venceu em 2009 e 2010). Em 2018, a competição passou a ser disputada apenas no formato de equipes mistas, com três homens e três mulheres, em seis lutas. O primeiro título da história do clube gaúcho veio com vitória sobre o Reação, do Rio, na decisão. Após empate em 3 a 3, Aléxia Castilhos, que havia vencido seu duelo na final, teve de retornar após sorteio para fazer a luta de desempate. A atleta de 29 anos venceu Gabrielle Ferreira por ippon com 1 minuto e 49 segundos de luta.
— Quando apareceu minha categoria no telão após o sorteio, sabia que estava pronta para decidir. Fiquei um pouco nervosa, mas deu tudo certo. Na hora que consegui o golpe, não acreditei e pensei: "Meu Deus, o que aconteceu?" Só caiu a ficha quando vi meus colegas de equipe vibrando — relembra Aléxia Castilhos.
Antonio Carlos Pereira, o Kiko, sensei multicampeão, viveu uma mistura de sentimentos no domingo (3). Em Belo Horizonte, o sensei da Sogipa estava como técnico da seleção brasileira de judô e não teve contato com os seus atletas durante a competição.
— Estou aqui na Sogipa todos os dias. Claro que torci para o meu clube, mas não quer dizer que isso tenha influenciado em algo lá em Minas. Fomos com uma equipe forte e conquistamos um título que tentávamos há muito tempo — comemorou o técnico.
Após a cerimônia, os atletas foram para um dos salões de festa da Sogipa, onde a promessa de um churrasco, feita ainda em BH, após o bronze em 2023, finalmente se concretizou. Coube ao bicampeão mundial João Derly e atual técnico das categorias de base do clube trocar o quimono pelo avental de assador. Os primeiros campeões da história do Grand Prix pela Sogipa merecem.
Como foi o título
A conquista histórica veio com enredo cinematográfico na Arena UniBH, no Minas Tênis Clube. Após passar pela Kiai, de Canoas, a Sogipa venceu a Umbra-Vasco e avançou à semifinal para enfrentar o tradicional Pinheiros. A disputa melhor de seis empatou em 3 a 3, levando o duelo para uma espécie de tie-break, onde uma categoria é sorteada para desempatar, com a luta iniciando diretamente no golden score. No peso até 73kg, Gabriel Genro Alves venceu Ronald Lima, que não perdia no Brasil há dois anos, e colocou a Sogipa na decisão inédita.
Veja o momento em que Genro coloca a Sogipa na final
Na final, outra pedreira. Genro, Aléxia Castilhos e Leonardo Gonçalves venceram pelo lado da Sogipa. Jéssica Pereira, Gabriel Falcão e Ágatha Silva pontuaram para o Instituto Reação, do Rio de Janeiro. O sorteio colocou o título inédito na Sogipa nas mãos de Aléxia, que venceu novamente o duelo contra Gabrielle Ferreira para trazer o troféu do Grand Prix para a casa do judô gaúcho.