A morte do zagueiro Juan Izquierdo, do Nacional, confirmada na noite de segunda-feira (27), fez com que o mundo do futebol relembrasse o Caso Serginho, ocorrido em 27 de outubro de 2024. Assim como o uruguaio, o zagueiro brasileiro caiu desacordado no gramado em razão de um mal súbito. Após receber os primeiros socorros, o que incluiu massagem cardíaca, foi encaminhado ao Hospital São Luiz, onde morreu horas depois.
São Paulo e São Caetano se enfrentavam no Morumbi pela 38ª rodada do Brasileirão. Aos 14 minutos do segundo tempo, o jogo foi paralisado por causa de uma falta. Nesse instante, Serginho, então caiu no chão, batendo contra a perna de Grafite. O defensor, que vivia o auge da carreira, teve uma parada cardiorrespiratória.
No início daquela temporada, como de praxe, o elenco do São Caetano passou por exames cardiológicos no Instituto do Coração, em São Paulo. Serginho foi diagnosticado com uma leve arritmia cardíaca.
— Todos nós fazemos exames no início do ano e, não sei explicar ao fundo, mas deu algo de anormal, um entupimento, alguma coisa assim (na avaliação de Serginho). Mas o risco era 1% de acontecer isso, pelo que ficamos sabendo. Mas estava tudo sobre controle, ele nunca tinha sofrido nada assim — contou o goleiro Sílvio Luiz na época.
Serginho chegou ser retirado de alguns treinos logo após a avaliação, em fevereiro. No entanto, foi liberado pelo departamento médico do clube paulista para voltar a atuar.
Investigação
A tragédia envolvendo Serginho foi parar na Justiça. Rogério Leão Zagallo, promotor do Ministério Público, indiciou o presidente do São Caetano, Nairo Ferreira, e o médido da equipe, Paulo Forte, por homicídio doloso eventual, defendendo a tese de que eles assumiram o risco da causar a morte do atleta.
Na sequência, a denúncia foi alterada, pelo Superior Tribunal Federal (STF) para homicídio culposo, ou seja, quando não existiu a intenção de matar. Na sentença, Nairo e Paulo foram absolvidos. O caso foi arquivado em 2013.
No âmbito desportivo, o São Caetano foi punido com a perda de 24 pontos no Brasileirão. O time do interior paulista caiu da quinta posição, com 77 pontos, para a 18ª colocação, com 53. Mesmo com todo o prejuízo, conseguiu se livrar do rebaixamento.
Nairo Ferreira foi suspenso por 720 dias. Posteriormente, a pena foi reduzida para 360 dias. Paulo Forte foi afastado por 1440 dias em um primeiro momento. Em acordo, reduziu o afastamento para 720 dias. Os dois voltaram a atuar no São Caetano.
Consequências
A precaução entre os clubes aumentou, com a realização de exames mais regulares e detalhados. Além disso, em cada partida realizada em solo brasileiro, há a obrigatoriedade da presença de uma ambulância com desfibrilador, e um especialista que saiba operá-lo, a cada 10 mil torcedores presentes no estádio.
Morte de Juan Izquierdo
São Paulo e Nacional jogavam no Morumbi, pelo jogo de volta das oitavas de final da Libertadores, na última quinta-feira (22). Izquierdo, que foi a campo no intervalo, desequilibrou-se e caiu sozinho no gramado aos 38 minutos da segunda etapa.
Atletas das duas equipes se preocuparam e pediram a entrada do atendimento médico, que agiu rapidamente. O jogador foi imobilizado, retirado do estádio ainda consciente e levado para a unidade do Morumbi do Hospital Albert Einstein. Depois, o jogo seguiu, e o Nacional foi eliminado ao perder por 2 a 0.
De acordo com o boletim divulgado pela instituição, a situação do defensor piorou no fim de semana. A morte foi confirmada na noite de segunda. Ele deixa a esposa, Selena, e dois filhos — uma menina de oito anos e um recém-nascido.