A Copa FGF, promovida pela Federação Gaúcha de Futebol, nunca foi tão desprestigiada pelos clubes do Interior. Em 2024, quando a competição completa 20 anos desde que foi criada, são nove participantes, o menor número da história.
O atual bicampeão da Copa FGF, o São Luiz de Ijuí, optou por não participar. Na nota divulgada à imprensa, o clube alega motivos financeiros e afirma que foca no planejamento do próximo ano. "A decisão se apoia na necessidade do clube de estabilizar sua situação financeira no segundo semestre do ano e na dificuldade em se montar um elenco em meio às diversas competições estaduais e nacionais em andamento", diz o comunicado.
Outra equipe de tradição que ficou de fora é o Inter-SM, que chegou a sinalizar a participação na Copinha, como também é chamada. O time de Santa Maria desistiu de manter o futebol no segundo semestre após ser eliminado da Divisão de Acesso na semifinal, diante do Pelotas. A motivação foi a mesma: a participação vai dar prejuízo. No cálculo dos clubes, entra a necessidade de cumprir com a folha de pagamento dos jogadores por mais tempo e a falta de retorno das comunidades, que não comparecem aos estádios como em outras competições.
A edição deste ano, que tem a primeira rodada abrindo nesta quarta-feira (21), conta com Aimoré (São Leopoldo), Gaúcho (Passo Fundo), Grêmio B, Inter B, Juventude B, Passo Fundo, São José (Porto Alegre), São Paulo (Rio Grande) e Ypiranga (Erechim).
O que diz a FGF
A Copa FGF foi criada para movimentar os clubes no segundo semestre, já que Gauchão e a Divisão de Acesso são concluídos nos primeiros seis ou sete meses do ano. A edição de estreia teve 28 clubes, quantidade igualada apenas em 2005 e jamais superada (veja abaixo).
De acordo com o presidente da FGF, Luciano Hocsman, mudanças nos critérios de participação ao longo dos anos podem ter interferido no interesse pela competição.
— Mantivemos o caráter democrático da Copa FGF, mas tivemos de modificar critérios de participação para que tivéssemos um equilíbrio maior entre as estruturas físicas. Uma das exigências, por exemplo, é a apresentação de estádio próprio ou contrato de aluguel para evitar que que, às vésperas do jogo, a FGF tivesse que marcar a partida em locais não condizentes com o tamanho da competição.
Além da disputa da Recopa Gaúcha no ano seguinte, contra o campeão do Gauchão Série A, o prêmio da Copa FGF é uma vaga, dada ao campeão, para a Copa do Brasil do ano seguinte. Para um clube do interior do Rio Grande do Sul, a CBF pagaria um valor de R$ 750 mil pela participação na primeira fase. Contudo, para Hocsman, o calendário da Copa do Brasil também é visto como um problema para os times de menor capacidade de investimento.
— A data do primeiro jogo da Copa do Brasil é, normalmente, em janeiro. Logo, uma equipe da Série A2 (Divisão de Acesso), por exemplo, que seja campeã da Copa FGF, precisará montar ou manter um grupo para janeiro e outro para o início da Série A2, que é, normalmente, em abril — acrescenta o presidente.
Número de participantes da Copa FGF
- 2004 — 28
- 2005 — 28
- 2006 — 23
- 2007 — 17
- 2008 — 20
- 2009 — 19
- 2010 — 18
- 2011 — 22
- 2012 — 22
- 2013 — 16
- 2014 — 22
- 2015 — 18
- 2016 — Competição foi substituída pela chamada Super Copa Gaúcha
- 2017 — 13
- 2018 — 22
- 2019 — 20
- 2020 — 11
- 2021 — 18
- 2023 — 14
- 2024 — 9