A Seleção Brasileira decepcionou em sua estreia na Copa América, na noite desta segunda-feira (24). O time de Dorival Jr. parou na bem armada defesa da Costa Rica e não saiu do 0 a 0 pela primeira rodada do Grupo D. O "Desenho Tático" de GZH mostra como foi o confronto tático entre Dorival e Gustavo Alfaro e também o que o treinador brasileiro quis dizer com a expressão "movimento sujo", que, segundo ele, faltou para o Brasil na partida.
Escalação
Dorival Jr. optou por deixar Endrick no banco e iniciou a partida com Rodrygo como o homem mais adiantado no ataque tendo Vini Jr. pelo lado esquerda, uma ideia que busca reproduzir de alguma forma o que vem sendo feito com sucesso no Real Madrid por Carlo Ancelotti.
Do outro lado, o Brasil encontrou uma Costa Rica armada pelo argentino Gustavo Alfaro com uma linha de cinco defensores em um 5-3-2. O gramado em menores dimensões da Copa América – são cinco metros a menos de cumprimento e outros quatro a menos de largura em relação ao padrão Fifa – favoreceram para proposta costarriquenha. Mas faltou também uma melhor ocupação dos espaços pelo time brasileiro.
O jogo aconteceu quase todo no campo da Costa Rica. Em organização ofensiva, o Brasil contava com o lateral-direito Danilo sendo um terceiro homem na saída de bola ao lado dos zagueiros enquanto Raphinha era o responsável por dar amplitude na direita. Aberto pela esquerda, Vini Jr fazia o mesmo papel, mas por ali havia também Guilherme Arana. Faltou ao lateral do Atlético-MG aparecer mais vezes por dentro para tentar causar dificuldade para a marcação costarriquenha. O volante João Gomes também ficou mais preso ao setor esquerdo deixando de ocupar a entrelinha.
A ideia de Dorival Jr. de escalar um time sem um 9 de ofício tendo Rodrygo e Vini Jr. se baseia no que vem sendo feito por Ancelotti no Real Madrid. No entanto faltou ao Brasil alfo que é um ponto forte do time espanhol, a ocupação dos espaços na entrelinha, feito de forma constante pelo inglês Bellingham e pelo espanhol Valverde, principalmente. O Brasil também não tem um volante com a capacidade de dar passes infiltrados como o alemão Toni Kroos.
Outro ponto que foi problema para o Brasil se deu na movimentação de Rodrygo. Como não havia jogadores nesse espaço à frente da linha de defesa da Costa Rica, o camisa 10 recuava para tentar receber a bola. Isso gerou problemas para o Brasil ter profundidade, o que facilitou para a marcação da Costa Rica.
Após o jogo, Dorival Jr. admitiu esse problema do ataque brasileiro. O treinador usou a expressão “movimento sujo” como algo que faltou para o Brasil.
Isso é exatamente o papel de ataque à profundidade que pode ser feito pelos extremas, mas, principalmente, pelo centroavante para mexer a defesa adversária e poder gerar espaços tanto às costas quanto entre os zagueiros para os passes.
— Precisamos de um movimento sujo, movimento de ataque à ultima linha, movimento de dez passes atrás da linha adversária e abertura maior frontal a esse movimento de linha para que possamos facilitar a vida de quem tenha a bola nos pés. Foi a maior dificuldade encontrada. Faltaram alguns movimentos em profundidade e tivemos dificuldade maior. Esse movimento carrega a linha para cima do goleiro e abrem espaços para trabalhar a bola por trás — reconheceu o treinador.
Dorival ainda mexeu no posicionamento de Vini Jr. o levando para dentro para se aproximar de Rodrygo, mas a tentativa não deu certo. Aos 25 do segundo tempo, o treinador decidiu mexer na equipe e Vini saiu junto com Raphinha. Endrick e Savinho entraram. Endrick se posicionou como centroavante e Rodrygo pasou a fazer o papel entre esquerda e centro. Mais tarde, a troca foi mais ofensiva com Gabriel Martinelli por João Gomes.
No entanto, o Brasil seguiu como dificuldade para gerar espaços e não conseguiu tirar o 0 a 0 do placar. A Seleção terminou o jogo com 19 finalizações, mas apenas três delas no gol. Duas das chances mais claras, uma bola na trave de Lucas Paquetá e um chute de Arana defendido pelo goleiro Sequeira, vieram em tentativas de fora da área.
O Brasil ainda segue como favorito no Grupo D tendo pela frente Paraguai e Colômbia. No próximo confronto, com o Paraguai, novamente a Seleção irá encarar um adversário com postura defensiva. Será preciso que Dorival Jr. encontre formas de furar esse tipo marcação, ainda mais em um gramado com dimensões menores que o habitual.
Números de Brasil 0 x 0 Costa Rica
- Posse de bola: Brasil 74% x 26% Costa Rica
- Finalizações: Brasil 19 x 2 Costa Rica
- Finalizações no gol: Brasil 3 x 0 Costa Rica