Foi anunciada pelo Senado Federal, nesta terça-feira (12), a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar os casos de manipulação de resultados no futebol brasileiro. A criação de tal comissão atende a um requerimento protocolado pelo senador e ex-jogador de futebol Romário (PL-RJ).
Como embasamento para o requerimento, o parlamentar relembrou relatório da SportRadar, que tem analisado movimentações suspeitas em apostas em busca de indícios sobre manipulação de resultados no futebol. A empresa colocou sob suspeição 109 partidas do futebol brasileiro realizadas em 2023.
O tetracampeão mundial ressaltou a gravidade da situação, e citou a existência de uma organização criminosa envolvendo apostadores, financiadores, intermediários e jogadores de futebol:
— Recentemente, a empresa de monitoramento Sportradar divulgou um relatório assustador que aponta o Brasil como líder do ranking mundial de fraudes em apostas. Utilizando inteligência artificial e análise de especialistas, a empresa apontou nada menos que 109 partidas, de futebol como suspeitas de manipulação. Somos, o número um desse triste ranking mundial da manipulação dos resultados desses jogos.
A CPI das Apostas Esportivas será composta por 11 senadores titulares e sete suplentes que ainda serão indicados por partidos e suas lideranças. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de 180 dias, podendo ser prorrogada por igual período.
Apesar do requerimento de Romário ter sido protocolado no dia 6 de março, a criação da comissão acontece logo após o anúncio de investigação de outro caso de manipulação de resultados, desta vez no Campeonato Estadual do Distrito Federal.
O Ministério Público do DF cumpriu, na segunda-feira (11), mandados de busca e apreensão contra dois jogadores do Santa Maria, que estariam envolvidos diretamente com a manipulação de resultados em duas derrotas sofridas pela equipe na competição. A investigação reuniu evidências de que os dois teriam agido de forma proposital para alterar o desfecho dos jogos, em ações como o cometimento deliberado de pênaltis, erros propositais de marcação e até mesmo marcando gols contra. Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos telefones celulares dos envolvidos.
A CPI criada no Senado nesta terça-feira terá escopo de trabalho bastante semelhante ao de uma comissão realizada em 2023 na Câmara dos Deputados. Iniciada em maio, a CPI da Manipulação do Futebol chegou a ouvir atletas investigados pela Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, mas pouco foi além. Após uma novela envolvendo a prorrogação do prazo dos trabalhos da comissão, a CPI da Manipulação do Futebol chegou ao fim sem que o relatório final fosse sequer apreciado pelos membros da comissão.