O judô garantiu mais duas medalhas de ouro neste domingo (29) e ajudou o Time Brasil a crescer mais no quadro geral. Dessa forma, com as seis conquistas douradas da delegação nos dois primeiros dias de disputa, o objetivo de terminar os Jogos Pan-Americanos de Santiago na segunda posição, repetindo o feito de Lima-2019, ainda é possível.
Um dos grandes nomes da seleção brasileira, Daniel Cargnin acabou com a medalha de prata na categoria leve (73 kg). Depois de estrear vencendo o argentino Matteo Etchechury, com dois waza-ari, o judoca da Sogipa fez uma luta dura com o canadense Antoine Bouchard e mais uma vez um waza-ari foi decisivo e garantiu o gaúcho na semifinal.
E foi na luta semifinal que veio o problema para Daniel. Contra o colombiano André Sandoval, ele torceu o tornozelo logo em sua primeira tentativa de entrada. A dor foi aumentando durante o combate, mas ele resistiu e conseguiu uma suada vitória no golden scores, após o adversário sofrer a terceira punição (shidô) e ser eliminado.
Como as preliminares acontecem pela manhã e as finais à tarde, um intervalo de cerca de duas horas e meia é realizado até o início do bloco final. Nesse período, o médico da seleção brasileira Guilherme Garofo examinou e tratou do tornozelo esquerdo de Cargnin.
Do outro lado da chave, Gabriel Falcão (Instituto Reação) mostrou que era seu dia de sorte e nem precisou lutar na estreia, já que o norte-americano Jack Yonezuka não se apresentou, o que configurou um fusen gachi, que é quando o adversário não se apresenta para a luta.
Na segunda rodada, o atleta de apenas 20 anos encarou mexicano Gilberto Cardoso e venceu com um waza-ari no golden score. Na semifinal pegou o dominicano Antonio Pablo Tornal, que sofreu três punições em 2min35s de combate.
Com a final brasileira definida, restava saber se Cargnin reuniria condições. Após conversas entre a comissão técnica, o atleta e o médico ficou definido que ele não se apresentaria para a final, mesmo que insistisse na ideia de tentar um último esforço.
Daniel Cargnin acabou convencido de que um agravamento da lesão, que deve ter um comprometimento ligamentar associado a uma suspeita de fratura na região da fíbula, poderia por em risco o seu sonho de nova medalha olímpica.
— Eu sou bem competitivo, garra do gaúcho. Torci o tornozelo e ainda ganhei a semifinal. Tratei, falei que conseguiria. Em Lima fui prata (66 kg) e aqui era o favorito e queria levar o ouro. Mas é um passo de cada vez, meu foco é na Olimpíada e trazer mais uma medalha ao Brasil. Meu objetivo é maior. Sou um dos fortes candidatos ao pódio na Olimpíada. A gente ainda sai daqui com uma dobradinha do Brasil — disse Cargnin, bronze olímpico nos 66 kg em Tóquio, que nesta temporada já foi paciente de uma cirurgia na coluna.
— Achamos muito arriscado que ele voltasse para a final. Algum grau de lesão ligamentar ele teve com certeza. Tivemos duas horas de convencimento e tivemos tempo pra avaliar e ele perceber que não estava melhorando e a preocupação era agravar a lesão com pouco temo até a Olimpíada e comprometer o início do próximo ano que é fundamental para a classificação para Paris — comentou o médico da seleção.
Sem a presença de Cargnin, o jovem Gabriel Falcão acabou subindo no degrau mais alto do pódio.
Guilherme Schmidt não se intimidou com ginásio lotado
Outro candidato brasileiro a conquistar a medalha de ouro, Guilherme Schmidt conquistou a medalha de ouro na categoria meio-médio (81 kg). Após vencer o canadense David Popovici e o dominicano Medickson del Orbe, ele chegou à final contra o chileno Jorge Daniel Pérez.
E além do adversário que treinou no clube de Guilherme, o Minas Tênis Clube, nas últimas semanas, o brasileiro teve que encarar um ginásio lotado, que contou até mesmo com a presença do presidente chileno Gabriel Boric.
Mas nada intimidou o judoca de 22 anos, que precisou 1min34s para imobilizar o rival e garantir a sexta medalha de ouro brasileira no judô.
Ketleyn Quadros conquista seu primeiro bronze pan-americano
Experiente e com uma medalha de bronze olímpica no currículo, Ketleyn Quadros se portou como uma novata e comemorou bastante o bronze na categoria meio-médio (63 kg).
A sogipana venceu a norte-americana Sara Golden, na estreia, mas logo depois foi derrotada pela canadense Isabelle Harris na semifinal. Na luta pelo bronze, um waza-ari contra a colombiana Cindy Mera garantiu o pódio e a primeira medalha pan-americana da atleta 36 anos, que fez sua estreia no evento.
Aléxia Castilhos e Luana Carvalho perdem disputas do bronze
Na categoria médio (70 kg), Aléxia Castilhos (Sogipa) e Luana Carvalho (Umbra/Vasco da Gama-RJ) perderam nas quartas de final e foram para a repescagem, onde conseguiram vencer e se habilitaram a disputar o bronze. Porém, as duas brasileiras acabaram superadas, respectivamente, pela colombiana Celinda Corozo e pela venezuelana Elvismar Rodríguez.