As vaias contra a tenista ucraniana Marta Kostyuk, que se recusou a cumprimentar a bielorrussa Aryna Sabalenka, marcaram a abertura do torneio de Roland Garros neste domingo (28). Depois de perder por 2 sets a 0 (6/3 e 6/2) no primeiro jogo do torneio na quadra Philippe Chatrier, Kostyuk ouviu as vaias do público por se recusar a cumprimentar Sabalenka
'Vergonha!'
A bielorrussa não entendeu o que estava acontecendo e dedicou uma irônica reverência aos espectadores achando que as vaias eram para ela. Após conversar com seu staff, mudou de ideia e agradeceu o apoio.
Mas na coletiva de imprensa, a tensão continuou.
— Não entendi o que estava acontecendo. Nós sabemos que as ucranianas não querem nos cumprimentar, mas para o público foi uma surpresa. Eles entenderam como uma falta de respeito. Sinto muito que isso tenha acontecido — disse Sabalenka.
Kostyuk, muito crítica à postura do circuito em relação à guerra na Ucrânia, dirigiu duras palavras aos espectadores que a vaiaram.
— Essas pessoas deveriam sentir vergonha! Quero ver a reação delas daqui a dez anos, quando a guerra estiver terminada. Acho que não vão ficar satisfeitas consigo mesmas quando voltarem a pensar no que fizeram — disse a jogadora de 20 anos.
— Eu tinha dito que não cumprimentaria e não sei por que pensaram que eu iria mudar de opinião — acrescentou.
Sabalenka quis deixar clara sua postura sobre a Guerra na Ucrânia e o apoio do governo de Belarus á Rússia.
— Já disse várias vezes, nem os atletas bielorrussos, nem os russos, apoiam a guerra. Como é possível apoiar a guerra? Absolutamente não. Se pudéssemos terminá-la, faríamos isso imediatamente — garantiu.
Mas Kostyuk considerou essas palavras insuficientes:
— Acho que vocês tinham que mudar as perguntas. A guerra está aí, há 15 meses. Acho que deveriam perguntar: 'Quem deve ganhar a guerra?'. Se fizerem esta pergunta, não sei se estas pessoas diriam que querem que a Ucrânia ganhe a guerra — afirmou a campeã júnior do Aberto da Austrália de 2017.
—Depois do torneio, Sabalenka provavelmente será a número 1 do mundo de um dos esportes mais conhecidos. Se ela tomar a palavra, pode enviar uma mensagem. Ela não assume sua responsabilidade e por isso eu não a respeito — acrescentou a ucraniana, que desde o começo do ano lidera movimento de protesto contra tenistas da Rússia e de Belarus no circuito da WTA.
Na segunda rodada, Aryna Sabalenka irá encarar uma compatriota, Iryna Shymanovich, que treina há mais de um ano com o técnico Leandro Afini na Rio Tennis Academy, no Rio de Janeiro. Número 213 do mundo, ela superou o qualificatório e na estreia na chave principal bateu a húngara Panna Udvardy, 95ª colocada do ranking mundial, por 2 sets a 1 de virada com parciais de 6/7 (6), 6/3 e 6/1, após 2h15min de jogo.
— É incrível ter a primeira vitória na chave principal de um Grand Slam. Foi uma partida boa. Foi emocional, nervosismo, primeira vez na chave principal de um Grand Slam. O primeiro set eu estava meio travada, quando se fica assim você não joga relaxada. No segundo e terceiro sets eu falei a mim mesma 'bem, vamos pra bola, você tem nível'. E fui pras bolas e foi bom —disse a jogadora de 25 anos.
A grande surpresa do dia foi a eliminação da grega Maria Sakkari, semifinalista em 2021. Cabeça de chave número 8, ela foi derrotada pela tcheca Karolina Muchova por 2 sets a 0, parciais de 7/6 (5) e 7/5.
Na próxima fase, Muchova, semifinalista do Aberto da Austrália de 2021 terá pela frente a argentina Nadia Podoroska, semifinalista em Paris 2020, que na estreia atropelou a francesa Jessika Ponchet (6/0 e 6/2).
Masculino
Entre os homens, o espanhol Roberto Carballés Baena passou pelo americano Emilio Nava por 3 sets a 0, parciais de 7/6 (5), 6/3 e 6/2 e agora irá desafiar o grego Stefanos Tsitsipas, quinto na lista de favoritos.
Sétimo cabeça de chave, o russo Andrey Rublev passou sem problemas pelo sérvio Laslo Djere por 3 sets a 1, parciais de 6/1, 3/6, 6/3 e 6/4.
O próximo adversário de Rublev será o francês Corentin Moutet, que bateu seu compatriota Arthur Cazaux, também por 3 sets a 1 (6/1, 6/3, 4/6 e 6/4).
* AFP