O Brasil não ficará sem medalha nas competições individuais do Campeonato Mundial de Judô, em Doha, no Catar. Neste sábado, Beatriz Souza e Rafael Silva conquistaram o bronze após derrotarem, respectivamente, Kim Ha-yun, da Coreia do Sul, e Temur Rakhimov, do Tadjiquistão, na categoria pesado.
Bia foi a primeira a entrar no tatame e precisou de apenas 2min54s para derrotar a sul-coreana com um Ippon. A prata ficou com a francesa Julia Tolofua, terceira colocada em 2022, que perdeu para a japonesa e campeã olímpica Akira Sone, que repetiu o título de 2019. A segunda medalha de bronze ficou com a israelense Raz Hershko, que também foi medalhista nos Jogos de Tóquio.
— Estou no caminho certo. É duro, não é fácil. Temos que ficar longe da família, fazer longas viagens, mas estou muito feliz de poder estar levando essa medalha para o Brasil. Estou em busca do meu sonho e eu vou realizá-lo, vou conquistar uma medalha olímpica — disse a brasileira, que pela terceira vez subiu no pódio em um Mundial. Antes, ela foi bronze em Budapeste em 2021 e prata em Tashkent em 2022.
O sábado marcou o último dia da competição individual com judocas das categorias mais pesadas, acima de 78kg feminino e acima de 100kg masculino. Ambos os brasileiros buscavam as primeiras medalhas para a delegação, que estava zerada até o início do dia. Número 5 do ranking mundial, Beatriz Souza começou a campanha contra a sul-coreana Park Saetybol, na segunda rodada, e venceu por ippon.
Em seguida, nas oitavas de final, passou pela sérvia Milica Žabić, que foi eliminada por acúmulo de três punições. Nas quartas de final, contra a francesa Julia Toulofua, Bia recebeu duas punições e precisou se expor para buscar uma queda. A rival aproveitou e encaixou um golpe fatal na judoca do Pinheiros (SP) para avançar à semifinal.
Na repescagem, a paulista de 24 anos passou pela italiana Asya Tavano em luta rápida de 30 segundos. Na luta pela medalha, Beatriz Souza derrubou a sul-coreana Ha-yun e garantiu o pódio.
Na sequência, Rafael Silva, o Baby, fechou sua participação com um bronze após surpreender Temur Rakhimov no golden score com um wazari. Na grande final, o francês Tedy Riner foi campeão mundial pela 11ª vez ao superar o russo Inal Tasoev. O uzbeque Alisher Yussupov completou o pódio.
—Bastante feliz. Consegui terminar o dia com a medalha e consegui ela como presente, pois foi o meu aniversário nessa semana. Que agradecer a torcida que estava vibrando por nós. Amanhã tem mais— afirmou Rafael, projetando a disputa por equipes que encerrará a competição.
Duas vezes medalhista olímpico, bronze em Londres-2012 e Rio-2016, Rafael Silva teve que suar para chegar ao pódio. Em sua estreia, já na segunda rodada, Baby como é conhecido o judoca que completou 36 anos no último dia 11, venceu equatoriano Freddy FIgueroa forçando três punições para o adversário. Na oitavas de final, encarou o alemão Losseni Kone, que foi derrotado por ippon do brasileiro.
Já em zona de disputa de medalhas, o atleta do Pinheiros foi derrotado por Alisher Yussupov, do Uzbequistão, que conseguiu projetar o brasileiro duas vezes e vencer o combate por ippon. Na repescagem, teve pela frente o cubano Andy Granda, campeão mundial em 2022. Em luta bastante estudada pelos dois atletas, Baby mostrou experiência de quem chegou à competição com três medalhas, prata em 2013 e bronze em 2014 e 2017, forçou três punições no adversário e seguiu para a luta pelo bronze.
O combate com Rakhimov foi muito equilibrado e decidido apenas no golden score, quando Rafael Silva conseguiu derrubar o adversário.
Ainda neste sábado, João Cesarino (Instituto Reação) fez sua estreia em mundiais. Ele vencia o angolano Piter da Silva, com um waza-ari, dominando o adversário até tentar um golpe que forçou o joelho do angolano. A arbitragem entendeu que a técnica colocou em risco a integridade física do judoca de Angola e desclassificou o brasileiro da competição (hansokumake).