Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo, Mbappé e outros 825 jogadores ainda corriam atrás da Copa do Mundo no Catar enquanto Pedro Ernesto Denardin já tinha colocado as suas mãos no troféu. Nos primeiros dias do evento, o narrador foi agraciado pela Fifa e pela Associação Internacional de Imprensa Esportiva (AIPS) com uma réplica em miniatura da taça, concedida para os profissionais que no Mundial de 2022 tinham atuado em oito ou mais coberturas do maior evento do futebol. Ele tem 12 (todas desde 1978). O outro brasileiro homenageado foi Galvão Bueno.
Pedro recebeu a homenagem das mãos de Ronaldo, a quem elevou ao status de monarca na final da Copa do Mundo de 2002 contra a Alemanha, quando o então camisa 9 marcou dois gols. A distinção foi cunhada após o primeiro gol na vitória por 2 a 0.
— Esse troféu que recebi no Catar reproduz os mais marcantes momentos dos mais de 50 anos de minha vida profissional — exalta.
Quando narrou o Penta, Pedro era um veterano em Mundiais. A estreia foi por linhas tortas. Quase que Pedro não foi testemunha do primeiro título argentino. Escalado pela Rádio Gaúcha para fazer a cobertura em 1978, foi cortado após mudança na direção da emissora, que passou a ser gerida por Ruy Carlos Ostermann. De última hora, o narrador Luiz Carlos Prates acertou-se com a Guaíba, o que recolocou Pedro na seleção da Gaúcha.
Além de atuar nas narrações em 1978, trabalhou como repórter. Em uma época de maior acesso, penetrou no íntimo da seleção argentina, com entrevistas exclusivas. Testemunha do polêmico jogo entre argentinos e peruanos, em que os donos da casa precisavam vencer por goleada para ir à final, Pedro é uma das poucas vozes que defendem que o Peru não entregou o jogo naquele 6 a 0.
As coberturas iniciais eram diferentes de agora. A Seleção passava por longos períodos de preparação. Nos torneios de 1982 (Espanha) e 1986 (México) deixou Porto Alegre com mais de um mês de antecedência.
Pânico dentro e fora dos gramados
Um ano antes do torneio em terras mexicanas, foi enviado para Cidade do México para ver como o país se preparava para abrigar o torneio. Presenciou um terremoto de magnitude 8,1 na escala de Richter:
— Estava vendo televisão, e a lâmpada começou a balançar. Senti que estava mexendo. Quando sai do quarto, vi muita gente descendo as escadas. Foi um negócio assustador!
Em 2014, no fatídico 7 a 1, não demorou muito para pressentir a tragédia. No terceiro gol já taxou o resultado como um vexame. A escalada só subiu. Virou humilhação no quarto. No quinto, o placar foi adjetivado como lamentável. No sexto, viu que o que estava péssimo podia piorar. Preenchendo espaço no ar desde 1973, ficou sem palavras no sétimo.
— O que que eu vou dizer?
Pedro não está entre os mais interessados em estatísticas. Mas desta aqui ele vai gostar. Sua presença em 12 das 22 Copas significa que esteve presente em 55% dos Mundiais.