As areias do Rio Grande do Sul ganharam um reforço de peso. Desde o segundo semestre do ano passado, o ex-volante Pablo Guiñazu, 44 anos, joga beach tennis com frequência em quadras de Porto Alegre e do litoral gaúcho. No primeiro fim de semana do ano, o ídolo do Inter conquistou até um título, em Xangri-lá, formando dupla com o filho mais velho Matias, 22 anos, que é atleta profissional da modalidade.
— É um esporte muito bacana, que explodiu no Brasil, principalmente no sul. Gosto sempre de experimentar outros esportes, e o beach tennis é espetacular. Fico horas na areia e saio sem nenhuma dor. Agora, quero evoluir. Estou focado em jogar de forma mais seguida para acompanhar o Matias, pois quem sabe jogar de verdade na família é ele — disse Guiñazu, em entrevista ao podcast Saque na Cinco, de GZH.
Natural de Rosario-ARG e filho mais velho do ex-meio-campista colorado, Matias Guiñazu defendeu a seleção da Argentina nos Jogos Pan-Americanos de 2021, em Rosario-ARG. Lá, ele atuou ao lado do compatriota Ivan Olichowski e foi eliminado nas oitavas de final para a dupla brasileira formada por Allan Oliveira e Thales Santos, dois dos principais nomes do país na modalidade.
— Joguei tênis dos 6 aos 18 anos, mas parei porque não queria mais viajar tanto para competir. Então, há um ano e meio comecei a jogar beach tennis na Argentina e gostei. Desde então, procurei evoluir cada vez mais. Em maio, terá um novo Pan na Colômbia. Vamos ver se pego de novo a seleção. Seria uma honra — conta Matias, que, além de atleta, dá aulas de beach tennis e é proprietário de complexo de quadras em Córdoba-ARG, base atual da família Guiñazu.
Aposentado dos gramados, Guiñazu viaja com frequência, ao lado da esposa Erika e dos filhos Matias e Lucas, para Porto Alegre e Xangri-lá, onde a família tem residência em um condomínio, local em que foi concedida a entrevista ao podcast Saque na Cinco no último domingo (15).
No dia 8 de janeiro, Guiñazu e Matias formaram a dupla campeã de um torneio de beach tennis em Xangri-lá, na categoria Open, a principal da competição.
— Tudo bem que era um torneio só do nosso condomínio, mas tinham caras muito bons, que jogam todos os torneios do litoral. E os caras forçavam o jogo em mim, pois sabiam que eu sou mais fraco que o Matias. Mas eu melhorei nos últimos meses e conseguimos ganhar. O Matias defende bem e eu sou canhoto. Então, conseguimos nos completar bem — conta Guiñazu.
O ex-volante colorado relata que a experiência como atleta de futebol o ajuda no beach tennis, especialmente nos momentos decisivos do jogo
— Um tiebreak ou um 40-40 são a mesma coisa que uma decisão por pênaltis 4 a 4 em que tem que fazer o quinto e não pode errar. A experiência no futebol ajuda a lidar com a pressão e a pegar o tempo de bola. O beach tennis para mim é um lazer, mas, se é para competir, vou sempre tentar evoluir e ganhar. Essa competitividade eu não vou perder nunca — resume.
Como treinador, nunca mais. Foi uma experiência muito boa, aprendi muito. Mas cheguei a conclusão de que isso não é para mim
PABLO GUIÑAZU
Em entrevista ao podcast Saque na Cinco
Guiñazu também se impressiona com a cultura do fairplay na modalidade.
— Nos torneios de beach tennis, não tem arbitragem e mesmo assim ninguém tenta roubar. Além disso, se o adversário faz um baita ponto, tu parabeniza. Isso não existe no futebol. Para mim, é um dos esportes mais bacanas e lindos de se jogar — elogia.
Enquanto Guiñazu trata o beach tennis como atividade de lazer, Matias encara o desafio de alavancar o esporte na Argentina, onde a modalidade ainda não é tão popular como no Brasil.
— Lá é mais difícil, as pessoas não têm o costume de fazer esportes na areia como aqui no Brasil, onde existe há tempos o futevôlei. Na Argentina não tem tanta praia para se fazer esportes e não há muitas quadras cobertas para nenhum esporte. A cidade onde mais gente pratica beach tennis é Rosário, por conta do rio, mas em Córdoba o esporte está crescendo bastante e tem potencial para crescer ainda mais — aposta.
Aposentado dos gramados desde 2019, Guiñazu teve rápida experiência como treinador, comandando o Atlético-Tucuman-ARG e o Sol de America-PAR. Contudo, após deixar o clube paraguaio no ano passado, o ex-volante desistiu definitivamente da função.
— Como treinador, nunca mais. Foi uma experiência muito boa e aprendi muito, mas cheguei a conclusão de que isso não é para mim. Como técnico, se tu ganha um jogo, tu comemoras 20 minutos. Se tu perde, fica três ou quatro dias se questionando porque perdeu. É muita preocupação, muita responsabilidade e muita pressão, sem ter uma estabilidade. Como treinador, encerrei (o ciclo) — explicou o ex-volante.
Contudo, Guiñazu ainda não trocou o mundo das chuteiras pelo das raquetes. O argentino não descarta voltar a trabalhar no futebol em outra função.
— O futebol é minha vida. Se eu puder ficar perto do futebol e deixar um legado, sempre será uma boa — finaliza.