Assim como no futebol tradicional, muitos jogadores depois de terem suas carreiras finalizadas optam por seguir no esporte como treinadores. No futebol virtual, especialmente no Fifa, não é muito diferente. É bem verdade, que a carreira de um jogador profissional de vídeo-game é menor que a de um jogador da vida real, entretanto, apesar de não ter os cabelos brancos ou a idade mais avançada, o técnico de futebol praticado nos games precisa estudar e ter um amplo conhecimento do jogo para se dar bem no mercado.
O gaúcho Diego Ribeiro, 26 anos, é técnico de Fifa há cerca de três anos. Atualmente, ele trabalha na Tuzzy Esports, organização estabelecida em São Paulo e que conta com um grande elenco de jogadores, incluindo o gaúcho Miguel "SpiderKong" Bilhar e Victor "Tore" dos Santos, que já defendeu o Ajax, da Holanda, e a Inter de Milão, da Itália.
Diego é o convidado do 25º episódio do Geração Start, podcast de GZH dedicado aos eSports. Ele comentou sobre como é o seu estilo de treinamento e como o conhecimento do futebol real pode ajudar no trabalho do futebol virtual, e vice-versa.
— Eu assisto muito futebol. Fiz cursos de Scout de Futebol e Análise de Desempenho e isso eu utilizo muito na minha metodologia de trabalho no Fifa. Já prestei serviços para clubes de futebol também, com análise de mercado. Eu acredito que meu trabalho é mais tático e técnico no dia a dia. Procuro sempre tirar a pressão dos meninos e mostrar que o mais importante é o processo. É um trabalho que é construído aos poucos — explicou.
Fã de Abel Ferreira, técnico português multicampeão com o Palmeiras e com muitas referências de José Mourinho, a escola portuguesa de técnicos é muito estudada e observada por Diego Ribeiro.
— É preciso ter malícia durante o jogo. Jogador bonzinho e time bonzinho não ganha título. Esses ensinamentos e pensamentos eu tiro muito do Mourinho. Eu costumo passar para os jogadores que, na parte tática, a gente bate de frente com qualquer adversário, se nos prepararmos bem. São duas batalhas durante o jogo: a primeira é a tua contra o adversário e a segunda é a luta mental. E a única que você não pode perder é a mental. Porque senão o jogo está perdido — explicou o treinador, enquanto mostrava o livro Cabeça Fria, Coração Quente, de Abel Ferreira.
Diego também comentou sobre a importância do papel do Coach dentro das organizações de eSports, principalmente do Fifa. Segundo ele, por enquanto, não são todas equipes que investem nesse profissional. A Tuzzy, por sua vez, é uma equipe que tem apostado bastante nesse processo. Atualmente, são três profissionais: Rodrigo "Rodrigo_1401", João "NoMercy" Victor e Diego "Diego1" Ribeiro
— Infelizmente, não são todos os times que têm coach no Fifa. Quando eu comecei, tinha eu, o Gabriel "Gabgol" Guimarães, Matheus "Tunão" Antunes e o Alex Santos. Hoje em dia, tem muito mais e, para mim, quanto mais melhor. O cenário cresce, os jogadores crescem e as equipes crescem — finalizou.