O empresário gaúcho Delcir Sonda, responsável por investir em Neymar na época do Santos, afirma que foi enganado pelo atleta, a família dele e também pelos ex-clubes do jogador, hoje no PSG. Sonda revelou em entrevista ao jornal The New York Times detalhes de como conheceu o atleta, ainda criança, e como era a relação deles até o fim do vínculo.
A reportagem foi publicada neste domingo (16), às vésperas do início do julgamento de Neymar na Espanha. O camisa 10 é acusado de fraude na transferência do Santos para o Barcelona, realizada em 2013, em denúncia que partiu da DIS, empresa de Sonda. A alegação do empresário é a de que, na época, tinha direito a 40% dos direitos econômicos do atleta. Os investidores da companhia acusam Neymar, Santos e Barcelona de terem ocultado os reais valores da negociação e, assim, o grupo não teria recebido o devido percentual.
— Eles venderam meus 40% para o Barcelona. Eles me enganaram — afirmou Sonda ao The New York Times (NYT).
Na entrevista ao jornal norte-americano, Delcir Sonda relata que conheceu Neymar quando ele tinha de 11 para 12 anos. Tempos depois, quando já se mostrava um craque em ascensão na Vila Belmiro, os dois voltaram a se cruzar, quando a DIS fez investimentos no Santos para ajudar a manter o jogador no clube paulista.
Ainda conforme publicado pelo NYT, Sonda busca o ressarcimento de US$ 35 milhões, o valor que ele diz ser devido de acordo com os termos de seu investimento original nos direitos econômicos de Neymar. O empresário destaca na entrevista que o processo não é baseado na busca pelo dinheiro, mas pela verdade do que aconteceu à época.
O INVESTIMENTO DE SONDA
Sonda virou investidor do Santos em 2009. Na época, o clube paulista precisava de dinheiro para manter Neymar. Com 17 anos, o craque já despertava interesse de fora do país.
Aos 14 anos, o pai de Neymar chegou a levar o jogador para o Real Madrid, na Espanha, para um mês de treinamento. As atuações de Neymar lá rapidamente criaram um mercado – o Real Madrid providenciou um exame médico para ele e um contrato foi preparado – mas Santos, citando os regulamentos da Fifa na época, exigiu que ele voltasse ao Brasil. Mais tarde, Neymar disse que foi sua escolha voltar para casa.
O Santos sabia que tinha revelado um craque, mas a família de Neymar também. Assim, um arranjo foi feito: o Santos ofereceu a Neymar o controle de 40% de seus direitos econômicos em troca de um pouco mais de tempo no clube. Dessa forma, Sonda entrou no negócio, comprando essa parcela de direitos do atleta por R$ 5 milhões.
— Eles ficaram ricos da noite para o dia — disse o empresário ao New York Times.
Mesmo sem retorno garantido na época, Sonda diz que investir no Santos foi em parte sentimental, lembrança de sua infância, quando ouvia as partidas do time de Pelé pelo rádio. Além do Santos, o empresário investiu em outros clubes, como Inter, seu time do coração.
Contraponto
Os advogados de Neymar disseram ao New York Times que as autoridades espanholas não têm jurisdição para ouvir o caso. Já o Barcelona não se manifestou ao jornal norte-americano.