O tenista suíço Roger Federer, 41 anos, anunciou em suas redes sociais na manhã desta quinta-feira (15) que irá se aposentar das quadras. A lenda do esporte ainda informou que sua despedida ocorrerá após a Laver Cup, competição que será disputada em Londres, na Inglaterra, de 23 a 25 de setembro.
No comunicado, Federer explicou que ainda praticará o esporte, mas deixará de participar de grandes competições. "Eu vou jogar tênis no futuro, é claro, mas não em Grand Slams ou no circuito", esclareceu.
O tenista ainda agradeceu pelas oportunidades que teve ao longo da carreira "Vou sentir falta de tudo que o circuito me deu. Mas, ao mesmo tempo, há muito o que celebrar", enfatizou.
A aposentadoria do ídolo já era esperada nos últimos meses. Mas muitos aguardavam pelo anúncio somente em 2023. Especialistas apostavam que Federer iria testar seu corpo em seu retorno às quadras na Laver Cup para avaliar se valeria a pena voltar ao circuito na próxima temporada. Ele até havia confirmado presença no Torneio da Basileia, de nível ATP 500, marcado para o fim de outubro deste ano. Havia especulação de que anunciar sua aposentadoria nesta competição por jogar diante dos seus compatriotas, na cidade onde nasceu. O anúncio desta quinta (15), portanto, surpreendeu os fãs e o mundo do tênis.
Em uma carta de quatro páginas, Federer faz uma lista de agradecimentos, encabeçada pela esposa Mirka e por seus pais e irmã. Lembra também dos seus treinadores e cita Severin Lüthi, amigo e técnico, e o preparador físico Pierre Paganini, considerado por muitos como um dos maiores responsáveis pela carreira longeva do tenista.
Sem citar nomes, agradeceu aos rivais. "Eu tive sorte o suficiente de jogar tantas partidas épicas que nunca vou esquecer. Nós batalhamos de forma justa, com paixão e intensidade e eu sempre tentei dar o meu melhor para respeitar a história do tênis. Sou extremamente grato. Nós estimulamos um ao outro e juntos pudemos levar o tênis para novos patamares", disse o suíço.
Confira o comunicado:
Problemas físicos e idade avançada
No post, Roger contou que sua decisão em se aposentar está diretamente relacionada com as lesões e cirurgias que teve ao longo de sua trajetória no esporte. Devido a esses problemas, o tenista não disputava uma partida oficial desde a sua eliminação nas quartas de final do torneio de Wimbledon, ocorrido no ano passado.
"Como muitos de vocês sabem, nos últimos três anos enfrentei muitas lesões e cirurgias. Trabalhei duro para voltar em um nível competitivo. Mas eu conheço meu corpo e os seus limites, e os sinais que ele vem me dando são claros", explicou.
Federer vinha enfrentando problemas físicos desde 2020, quando seu afastamento das quadras coincidiu com a paralisação do circuito pela pandemia. Foram três cirurgias no joelho direito em apenas um ano e meio, o que acabou com o ritmo de jogo do atleta e colocou dúvidas sobre o seu futuro. Para efeito de comparação, Nadal, de 36 anos, já fala em aposentadoria.
Sem jogar nesta temporada, ele teve uma trajetória curta no circuito em 2021. Foram apenas cinco torneios, sem títulos ou finais. Seus últimos troféus foram conquistados em 2019, sem nenhum Grand Slam. Os quatro títulos vieram em competições de menor expressão. O último Major foi o Aberto da Austrália de 2018, quando ampliou o recorde de títulos deste nível para 20.
A marca, então assombrosa, acabou sendo superada por Nadal (22) e Djokovic (21) nas últimas duas temporadas. Federer também viu seus principais recordes sendo derrubados gradualmente pelos dois rivais, embora ainda ostente marcas importantes do circuito, como o maior número de semanas seguidas na liderança do ranking.
Ainda sem contar os resultados da Laver Cup, o suíço encerra sua carreira com 103 títulos, 1.251 vitórias e 275 derrotas. Foram 28 troféus de Masters 1000, uma Copa Davis (2014), uma medalha de ouro em duplas na Olimpíada de Pequim-2008, com o compatriota Stan Wawrinka, e uma prata em simples em Londres-2012.
Para muitos especialistas, Federer alcançou o auge do apuro técnico no circuito, superando Nadal, mas rivalizando com Djokovic neste aspecto. Por conta dos movimentos plásticos em quadra, é considerado o maior da história por boa parte do mundo do tênis, embora o assunto seja controverso.
O atleta também fez um balanço de sua carreira e reconheceu que apesar de todos problemas físicos adquiridos, conseguiu diversas conquistas e também realizou muitos sonhos.
"Estou com 41 anos, joguei mais de 1,5 mil partidas em 24 anos. O tênis foi generoso comigo e tenho que reconhecer que é a hora de encerrar minha carreira profissional", finalizou.
Títulos de Grand Slam
Ao longo da carreira, Federer conquistou diversos títulos. Somente na modalidade Grand Slam foram 20. Confira um resumo das conquistas do atleta:
- Australian Open: seis títulos (2004, 2006, 2007, 2010, 2017 e 2018)
- Roland Garros: um título (2009)
- US Open: cinco títulos (2004, 2005, 2006, 2007 e 2008)
- Wimbledon: oito títulos (2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009, 2012 e 2017)
Despedidas
A saída de Federer das quadras coincide com outra despedida de peso do circuito. Há menos de um mês, Serena Williams encerrou sua trajetória no US Open, aos 40 anos. Assim como Federer, a americana é considerada uma das grandes lendas do tênis, a maior de sua geração. Para os próximos meses, Nadal já indicou que pode seguir pelo mesmo caminho, após o desgaste causado por dezenas de lesões nos últimos anos.